segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Por ter falhado tantas vezes.

O verão que não veio e deixou lugar para a chuva mansa, me fez pensar no que começar a fazer da vida. Uma boa xícara de café e Los Hermanos me acompanham nesse universo de pensamentos. Porém, mesmo que eu esteja bem acompanhada, bem protegida do vento é como se tudo conseguisse me atingir. Qualquer pensamento ruim, que me passe pela cabeça mais de duas vezes, torna uma dor aguda no meu peito, torna uma constante agonia.

Não tenho mais certeza do que pensar, em como agir. Talvez por isso, no momento, prefiro a solidão da madrugada para pensar e o companheirismo do dia para chorar. E nessa madrugada que o tempo passa mesclado, uma hora devagar demais outra hora rápido em demasia, alguém me fez escolher uma estrela no céu. Admito não ter entendido muito bem a lógica, mas ainda estou procurando. O que mais me surpreende é que nessa imensidão de estrelas, não tem nenhuma que me hipnotize por completo. Não há nenhuma que olhe para mim e sorria, me convidando para confiar a ela meus segredos mais secretos, minhas dores mais gritantes.

Tem algo aqui dentro que esta berrando, uma falha repetida. E a música delicada e mansa me rasga a carne dolorosamente, ao me lembrar que eu não poderia ter falhado tanto. O café docemente adocicado com o meu melhor açúcar refinado esta amargo, de tantas amarguras que estou despejando esta noite. O motivo da minha solidão e meu leve desinteresse é bastante simples: a mesma falha me persegue.

Durante o decorrer do ano eu lutei com obrigações, responsabilidades e desejos. Lutei com corações quebrados, com lágrimas no rosto e braços cansados de tantos cortes. Mãos cansadas de tanto sangue. Mas eu falhei. Deveria ter me importado menos com todos aqueles problemas tão pequenos. Deveria ter me posto a respirar um pouco, ao invés de ir cansada e sem fôlego a luta. E quando cheguei à reta final, eu falhei. Decepcionei amigos, decepcionei parentes. Tudo se tornou tão distante. Feriu as distancias que ganharei de muitos, feriu o orgulho.

Mas para o mundo todo, apenas ferir o orgulho não basta. O destino nos prega peças, só deixa os mais fortes vencerem. O destino nos prova da maneira mais difícil que somos realmente fortes, que realmente superamos todas essas dores que batalham agonizantemente contra nós. Mas então tem um dia que tudo parece certo. O sol nasceu bonito, a vida tem estado de certa forma bela. Mas a falha que te segue, é como o buraco que sempre se forma em sua camiseta preferida. A falha te segue e novamente te faz cair. Faz com que o dia, até então belo, se torne cinzento, melancólico.

Com todas as derrotas que já tive, faço uma parede inteira de ilusões. Todas enfileiradas em bonitas prateleiras de mármore, e não porque elas merecem um lugar digno, mas sim para parecerem mais inofensivas. Coloco ênfase na palavra cansei, pois eu cansei da mesma falha me perseguir. A mesma falha me carregar pro poço escorregadio.

Uma hora na vida todos cansam de ser apenas o ombro amigo. Quanto muito se escuta a frase “não sei se você é uma amiga ou alguma coisa mais”, uma hora ela cansa. Uma hora ela acaba se tornando apenas uma maneira mais delicada de se dizer “estamos terminando, mas ainda somos amigos”. O problema é que tem determinados momentos que a palavra “amigos” não se torna reconfortante, mas sim dolorosa. Destruidora.

Mas então cansa. Você perde a esperança, você perde a vontade. O interesse desaparece. Os momentos se esquecem. Os sentimentos são engolidos pelo orgulho que cansou de se ferir. Seu coração se aposenta. Suas lágrimas se recusam a querer sair. E assim se torna mais um infeliz no mundo. Uma pessoa amargurada, machucada e esquecida. As falhas que se repetem quebrando o mesmo coração tantas vezes se tornam parte da pessoa. Fazem o amor não existir mais, muito menos a vontade recíproca de estar com alguém. Qualquer frase a ser dita, pra tentar não machucar o coração, apenas parece ser falsa e então o quebra mais ainda. Assim amarguradamente eu digo: do amor eu desisto.

22 de dezembro de 2008, 2:59 AM

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Corações, sentimentos e escuridão.

Deveriam nos proibir de se importar demais ou até mesmo de menos. Deveriam nos proibir de estar em um local por causa de uma pessoa, mas esta não estar lá por causa de nós. E é sempre um pouco assim, o vento que quebrou a flor, a chuva que foi forte demais, o trovão que assustou, o medo que desandou. A vida que parou demais, porque fizemos questão disso.

E você me disse que seu coração era de pedra, você me contou que havia um buraco muito fundo dentro de ti. Mas então eu me pergunto, porque foi ela quem trouxe o líquido certo para amolecer seu coração, porque foi ela quem trouxe os sentimentos certos para tampar o buraco dentro de você? Aonde mais você vai se importar, mas negar até a morte que se importa? Mais quantas coisas eu terei de fazer, para você perceber que você se importa? Que você quer se importar.

Já tenho muitos erros para carregar sozinha, não preciso carregar os seus também. Enquanto você se importa em achar o argumento certo, seja para me fazer chorar ou simplesmente para conseguir ficar por cima da situação, como sempre quer, eu estou procurando chão. Eu estou procurando o que de mim todos levaram e nunca mais devolveram. Os sentimentos que eu desperdicei. Estou procurando o tempo que eu perdi, quando eu ficava olhando para ti, esperando que você voltasse.

Porque tantas pessoas fazem castelos frágeis de areia, ao invés de misturar terra e água, formar a lama e fazer castelos fortes de argila? Quais os motivos de sorrir, quando nada lhe da alguma graça? Porque tantos de nós queremos tanto ser o amparo de alguém e, quando nos tornamos, acabamos sofrendo? Acabamos olhando para nós mesmos e encontramos esses tais buracos, esses tais vazios.

Quando é que vai perder um pouco da graça? Quando é que as idéias de todos irão fluir, independente do que os outros pensam? A idéia é bastante singular, enquanto você encontra razões para deixá-los para baixo, estes riem de ti, por se importar tanto com eles. Em querer tanto ser mais que os outros.

Andei pensando um pouco em ir embora, em deixar tudo para trás. Singelamente prezo o silêncio que muitas vezes me consome, prezo os erros em montanhas que sempre me perseguem. Todos estão indo embora, mas eu estou ficando. Pois ainda quero respostas para as minhas perguntas tão utópicas. Não quero o sim, o não muito menos o talvez, quero respostas elaboradas. Quero explicações de cálculos e palavras, quero as melhores explicações, do que faz tudo ficar assim. Quero ver você se perdendo, nesse vazio que eu sei que ainda sente.

E enquanto todos estão ocupados demais, com seus corações frios e calculáveis, cheios de sentimentos ridículos e ameaçadores, até mesmo muitas vezes irreais. Enquanto todos estão mais preocupados com o que outro faz, como o outro reage. Enquanto todos estão caminhando para o mesmo lugar, para o mesmo abismo. Eu estou indo em contra mão, eu estou resgatando esses tais corações frívolos, estou fugindo do abismo cheio de emoções estúpidas. Cheio de dor. Enquanto todos choram a dor da partida, eu choro a dor da chegada. Então recupero no caminho para o abismo, corações perdidos e arrancados fora, pois a dor era muita. Recupero a minha consciência e acabo não me importando mais, acabo me tornando o que eu sempre fui. E a única pergunta que ainda me comove com absoluto interesse, é o porquê de se importar tanto com o que eu faço. O porquê de se importar tanto, com querer me deixar para baixo.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

E então ela disse "se arrisque".

Qual a coisa mais assustadora que você acredita que jamais iria fazer? Já pensou em se desafiar e então fazer? Já pensou que você poderia crescer e muito, com a experiência de se desafiar? Ouvi da professora que eu mais admiro, que todos os dias deveríamos fazer algo assustador. Deveríamos fazer algo que surpreenda a todos, inclusive a nós mesmos. Sem medo, com toda a audácia do mundo, aquela que achamos nunca ter. Afinal, de alguma forma deveríamos nos desafiar mais.

Abrace, grite, sorria, beije, corra, cante, pule. Não fale, apenas faça. Acorde de manhã com um sorriso no rosto, mesmo quando dormiu apenas duas horas. Seja esperto e diga para a pessoa de quem gosta que vai partir, sabendo que ela pode aceitar a partida, mostrando que não gosta tanto assim de ti ou então, ela pode se agarrar em seu braço e falar para você ficar, afirmando que te quer por perto. Não tenha medo da reação das pessoas. Não tenha medo das falas, elas não irão te ferir do modo como acha que vão.

No final, você vai contar apenas contigo mesmo, mas o melhor é saber que até lá, você pode contar com os melhores. Saiba que muitos vão decepcionar, porém uma porção destes merece o seu perdão. A estrada nunca é tão longa e você ainda vai crescer muito, vai saber muito. Se hoje você acredita que já amou alguém o suficiente, pode ter certeza, esse amor não é nada comparado a algum outro que ainda terá. Não ame sem receber amor em troca, não ame se receber um amor falso em troca. Ame a si mesmo e só ame aos outros, se estes lhe derem um amor tão grande quanto o seu. Seja mais esperto que a vida e jamais, repito, jamais se esqueça, que o trem um dia vai partir. Não fique do lado de fora apenas olhando. Queira estar dentro do trem, para ir onde ele quiser levá-lo.

Mas o principal, que eu lembro bem que a minha professora disse, foi de se arriscar. Se tem um compromisso às 14:00 horas, mas te chamam para almoçar ao 12:50, vá. Não se preocupe em se atrasar. Nunca seja irresponsável com suas obrigações, mas jamais deixe de fazer coisas por causa delas.

Então encare a vida e acredite, o melhor ainda te espera. O amor nunca é tão grande, a proteção nunca é tão segura, a amizade nunca é tão verdadeira, o conforto nunca é tão agradável, até você testas os limites destes. Não corra, pois a vida já é rápida por si mesma. Ande devagar, observe cada ponto, cada paisagem. Queira ficar mais cinco minutos, mesmo sabendo que já tinha de ir embora há dez. Mas fique atento a sua volta. Olhe ao seu redor de vez em quando e veja, que as estrelas também mudam com o tempo.

Se esqueça de tudo o que você não gosta, o que você não quer lembrar. Guarde com carinho, cada elogio e cada abraço. Guarde com carinho as pessoas que te querem, elas não irão te magoar. Corra atrás do que você quer, mesmo que ninguém aceite, mesmo que ninguém entenda. Seja malandro, seja tímido, seja inocente, seja o culpado. Seja um pouco de tudo. Queira ser ladrão para uns e mocinho para outros. Não desperdice oportunidades, porque você não sabe quando vai voltar a tê-las. Encare que, se o abraço quase aconteceu, o beijo quase aconteceu, a declaração quase aconteceu e a verdade quase aconteceu, poderia ter tudo acontecido, se não fosse o medo de agir, de falar. E se quase aconteceu, era porque a situação estava absolutamente voltada para acontecer, mas por algum motivo, a ação não foi permitida.

Se quer saber, durma de tarde, fique acordado de noite. Aproveite tudo, aproveite a todos! Sorria e fale, quando lhe perguntarem, que a sua vida tem os baixos mas você prefere lembrar apenas dos altos. Então curta. Apenas curta. Não se meta em drogas e nem outros derivados, que podem acabar com a sua vida.

Saiba que todos os que hoje sorriem, ontem também choraram. A diferença é que eles todos preferem sorrir, ao invés de chorar. Eles aproveitam cada chance que a vida lhes da. Seja uma chance para voltar ao passado ou para subir um degrau no futuro. Saiba que os mais inteligentes não são aqueles que adquirem maior nota, mas sim, aqueles que encaram melhor a vida. Aqueles que sabem lidar consigo mesmos. No final de tudo, você aprende que tudo o que ganhou, foi porque se arriscou o bastante. Então, se quer um conselho, não se preocupe. Se arrisque, se surpreenda. Seja absolutamente são em suas insanidades, e totalmente insano na sua realidade.

É, foi isso que naquela ultima aula, a melhor professora me ensinou. Se arriscar sem medo e sem culpa. É, foi a melhor lição que ela já poderia ter dado.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Como se faz, para gostar?

No mais, eu gostaria de entender um pouco mais sobre o tal “gostar de alguém”. Talvez eu gostaria de entender, simplesmente por poder possuir por completo a palavra “eu gosto dele”. Quem sabe se eu entendesse tal afirmação, eu poderia afirmar com maior convicção. Mas se eu gritar, admito que poucos escutariam e conseguiriam explicar. No entanto, gostaria que alguém tentasse. 

O que é tanto o gostar?

Calma, calma. Não é uma pergunta complexa, não quero obter respostas de todos, só quero saber. Faz falta gostar de alguém? Se a resposta for não, gostaria de entender o porquê então de não conseguirmos viver sozinhos. Mas o que realmente me fascina no gostar, não é o propósito de tal sentimento surgir, mas sim, de uma maneira bastante simples e nada categórica, o porquê do tal grande medo de gostar?

No momento me vejo encarando diversos caminhos, esses que cada qual, me levaria a lugares distintos. Mas penso de maneira, talvez ignorante, qual caminho seguir, qual eu menos iria me machucar? Pois quando eu olho para frente, vejo muitas surpresas agendadas, momentos marcados, que mesmo que não aconteçam como prevejo, de alguma forma qualquer, acontecerá. Mas e as surpresas não agendadas, as idas não marcadas e os sentimentos não confirmados?

Oras, estou sentada na frente de um computador, tentando escrever algo bonito. Algo simples, mas absurdamente significativo. Alguns pensamentos que eu poderia jogar ao vento, mas preferi escrever aqui, na chance que alguém, inclusive ele, leia. Mas cabe aqui a minha chance, de mesmo que em palavras alternativas e desconfiguradas, mostrar um belo conteúdo, sobre um assunto que muitos escrevem, mas poucos conseguem sentir.

Então eu tento. Tento explicar que eu sou uma das pessoas que não conseguem seguir em frente durante muito tempo, sem gostar de alguém. Tenho também de admitir, que nem sempre esse gostar é real - até hoje poucos realmente me tocaram o coração. Poucos me fizeram chorar e sentir a dor de perder um amor, que achei tanto que fosse verdadeiro. 

Pois é, aí eu venho com um raciocínio bastante simples, para quem já se sentiu enganado. Gostar é bastante simples, afinidades e sintonia que caminham juntas, mas há vezes, que achamos tanto que estamos na mesma sintonia, que acabamos caindo na ilusão. Já cansei de cair em palavras vazias. Palavras que eu gosto de comparar com ovos de Páscoa, são gostosas e bonitas, parecem maciças, mas quando se quebram; são ocas.

Até que ponto todo o juramento existe? Acredito que o tempo poderia nos dizer. Já disse, o tempo é o senhor da razão, ele nos mostra por onde e até onde devemos caminhar. Mas muitas vezes a vida se torna amarga, pois vivemos em função de algo que não depende de nós. Porém eu continuo aqui. Firme e forte. Tento acreditar nas palavras que me dizem, tento acreditar que tudo aquilo pode, de fato, se tornar verdadeiro. O gostar pode até existir, mas e ele, mudaria para gostar de mim? Ele poderia provar, não? Claro, estarei esperando, mas com as poucas, porém intensas experiências que eu tive com o gostar, aprendi que nós esperamos, mas não para sempre.

Acredito eu, que no momento, apenas sigo em frente. Tenho um coração já cansado, certos traumas com o amor, não quero mais pagar para ver a minha vida se perder. Então eu sigo em frente, não faço planos. Deixo a vida seguir, tento esquecer o passado. Pois, no momento ainda é difícil, e se as palavras que me jurou forem verdade, o tempo me mostra. O tempo sempre nos leva ao caminho certo. Leva à todos. Deixe com que ele se decida onde tudo irá dar.

Para ser bem honesta, não quero rosas na minha porta todos os dias, nem cartas de metros com declarações. Também não preciso de elogios diários e talvez, eu nem preciso entender afinal, o que é gostar. Eu apenas quero que alguém goste de mim, sem enganar e machucar. Que apenas faça meu coração bater forte. E talvez agora, seja o momento disso acontecer.


“Se a saudade fosse um líquido, seria amargo e denso. Entretanto, se fosse comestível, eu devoraria apenas para que não houvesse barreira entre nós dois”.
- Fábio Hilgemberg Sottomaior

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

E ela volta logo?

Ela levou as roupas, levou os sapatos, levou as bolsas. Levou as malas e o laptop. Foi apenas o começo, de uma partida. Ela levou a calça dela, que eu sempre pedia emprestada, inclusive levou a minha, pedindo, é claro. Foi apenas o começo, eu sei. Depois ela volta, para levar os cds e os livros que tanto ama, ela volta para buscar alguns bichinhos de pelúcia. Ela volta, para deixar saudades.

Eu sempre esperei a sua partida, mas nunca acreditei que seria tão cedo. E eu, que tanto brincava “eu ainda vou sair dessa casa antes que você”, se eu soubesse que estava errada, não colocaria tanta esperança de que ela ficaria aqui por mais tempo. Não estará muito longe, nada que cinco horas de carro ou cinqüenta minutos de avião não resolvam, mas não importa, é bem mais do que o um segundo até a porta do quarto dela. E eu sorrio, muito, sabendo que ela esta bem. Mas tinha que ser logo agora? Tivemos tão pouco tempo! Não digo tempo de anos, pois assim, tivemos dezesseis anos e alguns meses, mas digo tempo de tempo mesmo. Tempo de momentos. Se eu soubesse que ela estaria se afastando. Eu nunca teria brigado, nunca teria acusado, nunca teria chutado. Eu nunca teria xingado, nunca teria me afastado, nunca teria deixado uma saída juntas me escapar. Eu nunca teria deixado ela. Nunca.

Por enquanto, ela ainda esta perto. Sua ausência é contida a apenas algumas quadras de distância. Mas e daqui a pouco? E daqui a alguns meses? Não quero ter ela como alguém distante. Não quero. E mesmo não querendo, não tem como não ter. Cada uma segue a sua vida, há tanto tempo as pessoas vem me falando isso! Mas não gosto de aceitar, dói um pouco. Dói muito.

Mesmo que ela acompanhe, mesmo que ela consiga me levar onde eu sempre pedi, não será a mesma coisa. Jamais seremos novamente, nós duas e aquelas risadas, nós duas e os garotos. E realmente é difícil, encarar que ela cresceu. Que ela precisa crescer. E eu também preciso e talvez, esteja na hora disso. Nunca fui o Peter Pan e ela também não, não tem como ser. Mas eu realmente tinha idéia de que um dia ela ia mudar, ela ia virar independente, mas mesmo assim, nunca imaginei que seria agora. Foi tão “para já”, a rapidez não deixou nem com que eu pudesse ver direito, o que estava acontecendo. Quando eu vi, o destino me tomou o tempo. O destino me tomou ela, o destino foi infeliz o bastante, de começar a colocá-la longe disso. Longe da vida, que eu, estava acostumada.

Não, ela não esta partindo para nunca mais voltar. Ela volta, sempre volta. Mas diferente, crescida. Não mais aquela que me acompanhava, que dedicava todo o seu tempo para mim e, mesmo que nunca ninguém entenda. Mesmo que algumas pessoas riem de mim, eu tenho que ser honesta. Ela não vai estar muito longe, mas mesmo estando a 400km de distancia, ela esta levando uma parte de mim. Porque é fato, metade de mim é ela.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Foi necessário desabafar.

Talvez seja um pouco de sentimentalismo em demasia. Talvez seja apenas um fracasso, entre tantos os outros que se colocam em minha frente. Vou gritar, gritar o mais alto que eu posso, gritar toda a dor que se expande aqui dentro, mas nunca espere que eu vá correr, pois não vou. Talvez eu esteja perdendo minhas forças, estou vendo tudo isso enfrentar fortes tempestades em alto mar, mas eu não quero salvar. Não quero me salvar.

Vou ficar aqui sentada, esperar a chuva passar, sentir o gosto da solidão que me rodeia, sentir o gosto de falsos sentimentos e ver a escuridão engolir a mim mesma, com o passar da noite. Quero me perder e não mais me encontrar. Porque talvez, eu tenha sido muito ignorante, ao não ver o que esta a minha volta. O que esta dentro de mim. Veja bem, não consigo mais procurar por isso sozinha. Então que seja assim. Simplesmente seja.

Procure-a, diga a ela o que sente. Fale de saudades e de amor. Fale de não desistir de vocês, mas não espere que eu sorria, dizendo falsamente em como me sinto feliz, por você. Não seria verdade. Mas a procure, diga o tudo que se entala em sua garganta, acredite é o melhor remédio. Não procure mais facas e velhos cortes, procure ela. Chore com ela. Mas não espere, que ela o faça dormir.

Apenas não sinto mais, o que talvez eu devesse sentir. Também não sinto ódio, mas no momento, não sinto nada. Talvez decepção, ou mesmo um pouco de angustia. Um certo maremoto de palavras sólidas, porém vazias. Simples. Entenda bem, não vou partir, continuarei aqui. Mas não entregue meus sentimentos, não entregue os meus pertences, não me entregue nada. Tudo o que eu dei, com você permanecerá. Só quero que me olhe nos olhos e diga, sem nenhuma relutância, sem duvida alguma, me diga que não quer mais ficar. Me diga, que você ainda acha, que tem para quem voltar.

Já sei me machucar sozinha, já sei seguir em frente. Apesar da dor, hoje não será diferente de todos os outros dias. Eu vou sair, me divertir, rir, mas não espere que eu te compreenda, não espere que eu te esqueça, pois eu não vou. Acho injusto, seu coração pertencer a ela, mas eu não ligo. Já não me importo mais. Quero seguir em frente, mesmo não podendo.

Acontece que sempre dói e vai continuar doendo, vai ser muito difícil, sempre será. Mas com o tempo nos acostumamos. Nos tornamos distantes de certos sentimentos e talvez, mais próximos de outros. E tudo muda, sempre vai mudar, as coisas não permanecem iguais, nunca irão permanecer, por mais que queiramos. No começo a perna dói, o pulmão parece não funcionar, o coração se contorce e a boca parece só saber gritar, até mesmo os olhos, que tanto gostam de brilhar, acabam se tornando encharcados. 

Admito não saber por onde ando, muito menos para onde quero ir, mas eu sigo em frente, quando eu chegar, simplesmente cheguei. Talvez queira me sentir um pouco sozinha, sentir um pouco agoniada comigo mesma, sem precisar dividir ao mundo o que se passa aqui dentro. Quero me distanciar dos problemas, e me aproximar das risadas. Quero poder olhar ao lado e ver um bom amigo, um dos melhores. Sei que já não é mais possível vê-lo como algo mais, como uma fonte de sentimentos, então que eu ainda tenha a minha confiança sobre você, que eu ainda tenha a vontade de lhe ver dormir. E mesmo que tudo se torne um pouco complicado, eu quero sentir o peso da complicação, quero sentir um pouco. Mas quero poder olhar ao lado, sorrir constantemente e não me sentir culpada. Pois talvez eu perca de um modo, mas ganhe de outro.

 A dor se expande freneticamente, se torna constante e quase impossível. Mas tudo ficará bem, só chega de maremotos de problemas. Chega de todos, chega de mim mesma.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Prisioneira do tempo.

O tempo sai girando, junto com os ponteiros do relógio. Dependo totalmente do horário, que faz o dia virar noite. Por algum motivo, o relógio parece estar indo contra mim. Quando é para girar rápido, ele transforma o tempo numa espera dolorosa e lenta e quando é para girar devagar, ele transforma o tempo numa corrida veloz como o vento. E sim, eu dependo do tic e tac do relógio.

Talvez eu me torne exausta devido a isto, sou prisioneira desta máquina infernal, que me faz ir dormir, mesmo quando não tenho sono, quando os ponteiros se voltam ao número 12. E isso me torna cansada. Tenho vivido contanto o tempo. Maldito tempo, em minha opinião. Tenho vivido de alegrias programadas, felicidades agendadas. É como se eu estivesse vendo uma montanha de presentes de Natal na minha frente, mas eu não os apreciasse, pois ainda não era dia 25 de dezembro.

O que me cansa, não são as felicidades agendadas, mas sim que pareço ter apenas elas. Aparentemente, eu ando aguardando os dias que eu sei que sorrirei, para me sentir bem, nos demais eu apenas vivo. Coloco um sorriso falso no rosto e caminho por aí, afinal ninguém quer realmente se importar. Ninguém se importa, totalmente, se o seu sorriso é falso ou não. Todos julgam que um sorriso grande no rosto, é sinônimo de felicidade, ninguém vê que a pessoa pode simplesmente estar sorrindo, porque não quer ninguém virando e falando “oi, está tudo bem?”, até porque, ninguém gosta de preocupações vindas de pessoas, que não são reais.

E realmente observo que se o relógio estivesse quebrado, onde nem pilhas novinhas iriam resolver, talvez eu me entendesse com o tempo. Deixaria de contar as horas para chegar a noite e começaria a aproveitar a tarde, como antes eu já fiz, para deixar com que a noite venha com certa doçura inegável.

Por estar tão desorientada e sem motivação, ainda sou guiada pelo tic e o tac do relógio. Como se as horas que tanto se repetem, fossem me guiar a fazer alguma coisa. A tomar alguma atitude. Mas francamente, não há atitudes para tomar. A espera tem sido longa, a dor tem incomodado, o estresse tem aumentado e só o que eu sei fazer é esperar. Encarar o relógio que parece não se tornar cansado nunca.
Afinal, cansada é a palavra que me resumi no momento. Não cansada das coisas que me machucaram, das pessoas que decepcionaram ou dos planos que falharam, mas sim cansada da repetição de tudo isso, da repetição constante, como a do relógio. Cansada das peças que ainda não foram encaixadas.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Ainda era cedo.

- Respire, respire! – repetia para si mesma.

A menina andava de um lado para o outro, ao lado de um quiosque de informações. Seus olhos encaravam o chão, seus passos eram apressados e o nervosismo a fazia estralar os dedos, coisa que odiava fazer e julgava doloroso.

- Eu... Eu preciso embarcar. - o garoto apareceu dizendo, com a voz falhada.

Subitamente a menina parou, levantou a cabeça e começou a encarar o garoto. Seus olhos demonstravam um enorme desespero.

- Não, ainda é cedo! – ela exclamou, haviam lágrimas escorrendo com rapidez em seu rosto.
- Não há o que eu possa fazer... Sempre será cedo. – o garoto admitia olhos marejados de lágrimas – Merda! Como é difícil!

O garoto admirou a menina, com um sorriso um tanto vaciloso.

- Quando eu voltar vou querer você exatamente como é agora. – disse olhando a menina – queria poder congelar você.

A menina riu com as palavras. Suas ações foram tomadas pelo medo, a única coisa que conseguiu fazer foi tirar seu anel do dedo e pousá-lo na mão do menino.

- Para nunca se esquecer de mim. – sorriu com lágrimas.
- Jamais me esquecerei de você, minha bonequinha.

Com um impulso súbito, o garoto a abraçou muito forte, de uma maneira que nunca havia a abraçado. Logo o abraço fora interrompido pelo anúncio da última chamada para o embarque do voo dele.

- Preciso ir embora, amor. – encostando a testa na testa da menina.
- Não vá! Um ano é muito tempo sem você. – a voz dela fraqueijava e demonstrava medo.

O garoto sorriu falsamente e a abraçou novamente.

- Eu te amo. Muito. – dando um beijo na menina.
- Eu também te amo, sempre amarei.

Ele sorriu e se distanciou. Deu as costas para a menina, que estava totalmente imobilizada. Seguiu com passos rápidos para a porta da sala de embarque. Antes de entrar olhou para trás.

- Vou voltar para você, garota! Eu prometo!

A menina sorriu e ele retribui o sorriso. O garoto então correu até a menina, lhe deu um último beijo e sorriu, um sorriso tranquilo e sincero. Novamente deu as costas e se foi. A menina, que o observava com um olhar agoniado entrando na sala, abraçou o ursinho que tinha ganhado com o cheiro dele. Instantaneamente lágrimas saíram de seus olhos enquanto o via partir. Ela o viu simplesmente indo embora. A deixando com lembranças e saudades, a deixando sozinha. Fazendo-a esperar a incerteza de sua volta.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

O tempo que não volta.

Tenho tido uma leve nostalgia. Pensamentos que me arrastam para muito longe, alguns anos atrás, algum tempo atrás. Tenho escutado uma banda que há muito tempo não escutava, inconscientemente eu me lembro do que eu passava naquela época. Eram tantos sonhos e tantos risos! Eram tantos amigos, daqueles que eu jurava que jamais deixaria para trás. Me decepciona saber que muitos deles ficaram no passado. Muitos deles estamparam fotos e hoje se perdem no mundo, se esquecem e de vez em quando são lembrados na minha memória.

Ando tendo saudades do mundo que eu levava comigo e mesmo que às vezes fosse cheio de dores e de lágrimas, eu continuava em pé. Por algum motivo eu sabia muito bem como contornar a situação. Sabia fugir dos problemas e ainda conseguia certa admiração de quem estava comigo o tempo todo. Fugi do colégio, quando mais nada me prendia lá, saí sem ninguém saber. Sem avisar, apenas fui, com medo de voltar. Troquei de amigos e aqueles, que na época, eu havia deixado para trás, não faziam diferença alguma. O que me da muitas saudades, saudades do passado que eu tenho sido obrigada a deixar para trás.

Aprendi que muitos que compartilharam comigo aquele melhor tempo vão continuar ali. Mesmo que distantes eu sempre os senti por perto, mesmo que apenas de vez em quando eu possa abraçá-los. Mas hoje dói saber que aquela realidade não existe mais. Dói trocar de amigos e continuar vivendo, tendo saudades de tudo aquilo. As saudades se acumularam, as pessoas cresceram, se tornaram adultas. Os amigos que antes não queriam saber da vida, hoje tem de trabalhar, amanhã de manhã trabalhos da faculdade os esperam. A tal grama verde, aquela que era a melhor do mundo, não é mais tão verde. As pedras que tanto abrigavam a todos, hoje são apenas decoração de uma praça qualquer. E todos aqueles vinhos que comprávamos e bebíamos logo em seguida, que eram jogados na grama, sujavam aquele lugar. Mas era o nosso lugar, era a nossa sujeira. Cigarros, tantos jogados no chão, um atrás do outro e mesmo a fumaça sempre me sufocando, era parte daqueles dias. Não havia quem mudasse isso.

Me disseram para esquecer, mudar de página e continuar vivendo. Mas oras, foi isso o que eu fiz. Mudei meu jeito, mudei minhas atitudes, aprendi a gostar das pessoas novamente, mas receio que meu sorriso nunca mais foi igual. E quando volto a lugares onde todos eles se reúnem, eu vejo as saudades acumuladas, mas ao mesmo tempo vem aquela dor. O coração se espreme, pois ao vê-los observo que cresceram e o mais engraçado, que aí, eu vejo que também cresci.

Hoje são lembranças, memórias esquecidas para de vez em quando contá-las para pessoas que nunca presenciaram. Conto algumas em risadas e outras em lágrimas, mas não passam de lembranças. Há quem deixou de lado tudo aquilo e foi embora, há quem simplesmente mudou, há quem mudou as tardes quentes e ensolaradas por um barzinho fresco todas as noites. Há quem arrumou novos amigos, novas diversões. Há quem se perdeu, pessoas que até hoje eu amo, mas se perderam. Há quem deixou de lado uma vida inteira, apenas para seguir em frente, hoje passa como se fosse um desconhecido. Mas, de fato, é um desconhecido.

O que mais dói, é que todos sentiam o fim, mas nunca ninguém quis dizer que ele estava lá. Porque todos gostavam da tarde que nunca acabava, dos vinhos, dos cigarros. Todos gostavam das risadas e das músicas. Todos gostavam das brincadeiras e dos amigos, que mesmo não sendo eternos, quando existiam, eles eram. E mesmo que diziam “estou aqui, porque não tem mais nada para fazer”, ninguém recusava perder um sábado naquele lugar. Ninguém recusava perder algum dinheiro, entrando em um show entediante e monótono.

Hoje, quando passo por lá, é outra história. As pessoas mudaram, as pessoas esqueceram com grande facilidade. Não é mais o mesmo grupo de amigos e nunca vai ser, pois quem presenciou aquele tempo, pode até omitir, mas acaba admitindo, que não existiu melhor tempo. Eram garotos e garotas, todos misturados, fazendo festa, conversando e rindo. E o mais importante, ninguém queria saber do amanhã, afinal, amanhã iria vir, dali algumas horas, não tinha importância. O mais especial, é que eram sempre novos romances, sempre novas histórias. Era sempre o all-star e o rock. Era sempre a bebida e as risadas. Eram sempre algumas tardes, que faziam toda a diferença, talvez não na época, mas hoje.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O mundo que tem de continuar girando.

Sempre que viravam para mim e diziam; “calma, tudo vai melhorar. Mas seu mundo tem de continuar girando”, eu nunca entendi. Realmente nunca fiz questão de entender, afinal, como que um mundo em pedaços, desmoronando, iria de alguma forma girar? Entendo perfeitamente a parte de “o mundo não vai parar, só para você se reconstruir”, mas agora sendo egoísta eu acabo me perguntando, porque o mundo não pode parar?

Mal consigo caminhar, parece que todo lugar alguma coisa atinge contra mim, o único lugar que me salva é onde posso ficar sozinha. Totalmente em paz, não comigo, mas com o mundo. E de certa forma, admito que doa olhar pra frente e ver absolutamente nada. Talvez eu veja apenas dez meses distante de tudo isso. Mas aí vem a pergunta, e até esses dez meses chegarem? Novamente eu acabo perguntando, porque o mundo não pode parar?

Para quem está fora da situação, ou mesmo para quem está dentro mas não se importa, é muito simples apenas me olhar nos olhos e dizer; “o mundo gira, continue girando com ele”. Mas e para quem sente a dor? E para quem o mundo não gira mais? Como já dizia o ilustre Shakespeare “todo mundo é capaz de superar a dor, menos quem a sente”. Sim, eu realmente concordo com cada junção de letra com ele. Acontece que quando não é você quem sente a dor, o seu mundo continua girando, então porque raios você teria dificuldade de virar para o machucado e dizer para ele continuar vivendo, como sempre viveu? É, eu também não entendo.

Talvez eu tenha um dom, que é de nunca virar e dizer essas palavras. Não, não é porque eu já sofri todas as dores, mas sim porque sei qual é a dor de seu mundo estar quebrado e ser obrigado a continuar girando. Sei como é ouvir essas palavras e por mais sinceras que elas sejam, dói. Se for observar melhor, o conselho de continuar vivendo, mesmo com os cortes, é o mais sincero que qualquer ser humano poderá dar. Mas é doloroso para quem recebe. Extremamente doloroso e até mesmo absurdamente impossível. Afinal, como é que faz o mundo girar, se o seu mundo ainda está desabando?

Quando me diziam; “calma, tudo vai melhorar. Mas seu mundo tem de continuar girando”, eu não só não entendia, como também tinha raiva de quem falava. Afinal, não é a pessoa que está sentindo a dor, é? Não. E também, não é ela quem sabe das guerras que esta acontecendo aqui dentro, é? Também não. Então, talvez, o melhor conselho é depois de dolorosas lágrimas, deitar ao lado da pessoa, fazer cafuné e depois do choro e de palavras amarguradas é dizer; “o que me diz de sair? Passear pelo mundo?”. É, era esse conselho que eu queria ouvir. Pois convenhamos, todos nós sabemos: o mundo continua girando, mas faltando um pedaço.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Ah, de quase tudo que eu sei.

Não, eu realmente não saberia te contar sobre as dores. Não saberia explicar o que exatamente é um coração quebrado ou uma decepção que mais mata, do que ensina viver. Eu não sei contar sobre sentimentos, tão pouco sei transmitir o calor ou a frieza que com eles vem. Mas eu sei falar das cores. Eu sei falar dos cheiros. Eu sei falar das figuras. Eu sei falar dos ventos. Eu sei falar do som, ah desse, eu sei muito bem.
Sei contar qual é o segredo de um sorriso, ok talvez não saiba, mas sei contar sobre o sorriso que nasce de outro sorriso. Sei explicar exatamente o som, o cheiro, a forma. Sei contar sobre aquele perfume, ah que perfume! O melhor do mundo, no momento, para mim. Já descobri que consigo te explicar exatamente o que é ver um sorriso, aquele sorriso. Aquele preferido, que faz meu mundo desandar, eu me perco me achando e afinal, não importa. Ah, que sorriso!
Não consigo explicar o que grita aqui comigo, mesmo se soubesse, será que os gritos seriam dignos? Será que os gritos valeriam para serem escutados? E honestamente, pretendo não saber. Pois eu não sei explicar, não quero saber como se explica a dor do coração. A dor da solidão. Mas eu consigo te dizer, o que é a solidão sair de vagarinho, apesar de depois voltar, por causa do perfume ou do sorriso que está por perto. Eu consigo te contar, o que é a felicidade se preencher, por alguns segundos que sejam, devido a algum abraço que me aperte forte e que não seja, apenas um abraço. Seja aquele abraço, aquele que mesmo sem palavras te diz absolutamente tudo, algo como “eu quero te odiar, mas não consigo”, ou até mesmo algo como “você não sabe a falta que me faz”, porque não?
Mas deixa eu contar um pouco das cores. Quero explicar, que quase nada sei do preto e do branco, apesar de estarem mais presentes em mim, do que todo o colorido restante. Mas simplesmente não sei explicar, porque preto e branco é muito incapacitado, o preto é algo tão sombrio e o branco algo tão leve. Não há necessidade de explicações para ambos. Eu gosto do roxo e do vermelho! Vermelho me lembra sangue o roxo, me lembra a mim mesma. Gosto do verde e do amarelo, gosto do azul! Gosto do laranja e gosto do rosa, mesmo sendo de menininhas. Sei te dizer, que as cores explicam o que se passa dentro de você. Já vi, que quando meu mundo desmorona, me deprimi ver cores tão alegres – como o amarelo e o laranja -, no entanto, o preto e o branco me seguem. Sempre, sempre presentes. Engraçado, não?
Gostaria de saber falar melhor das vozes, mas aí é de cada um. Algumas vozes me tranqüilizam, outras me assustam. Há alguma voz, que me faz tremer, me faz sorrir e de vez em quando, até chorar. Vozes são cores, são formas. Vozes são macias e tão duras, são doces e amargas.
Afinal, tudo o que eu queria dizer, não disse. Apenas novamente, contei palavras, expliquei o que nem eu sei direito. Mas de fato, eu repito, sei mais das cores e dos perfumes, do que das dores tão acumuladas e irracionais e dos cortes tão assimétricos e irreais.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Quando não se sabe mais.


Não sei ao certo, mas creio que não sei mais gritar. Antes o que parecia tão fácil, hoje parece tão complicado, e mesmo gritar, a plenos pulmões para explicar e dizer a todos, toda a dor que insiste em me carregar aqui dentro, parece impossível, parece que a voz sai falhada, sai tremida e com medo de ser uma voz forte. Parece ter medo de ser ouvida, ter medo de todos a entenderem ou simplesmente nem tentarem a entender. Queria que olhasse nos meus olhos e não dissesse nada, apenas ficasse me olhando, não pedindo uma palavra em troca. Apenas olhos arregalados de solidão, olhos arregalados de uma mente cansada e quase sem vida. E mesmo que o maremoto não seja tão intenso, não é tão mais fácil.
 
Tenho de encontrar motivos, tenho de encontrar pensamentos absolutos, apenas para entender essas palavras que se chocam contra mim. Tenho tentado de tudo, tenho tentado entender os sentimentos que claramente se escondem através de suas ações tão indelicadas, mas me parece inútil, quando paro para pensar. Afinal, o que é entender o que não se pode? Já cansei de contar os cortes no braço, as cicatrizes que parecem não sumir com o tempo, cansei de contar as lágrimas que parecem não desaparecem com o tempo. Cansei de me sentar ao lado de um quase estranho e tentar entender a sua mente, tentar entender os seus propósitos.

E o que eu estou fazendo? Para onde eu estou me atrevendo ir, sendo que já perdi o senso de direção há tempos. Quando eu falho, tento culpar as pedras no meu caminho, quando na realidade eu mesma tropeço no ar. Tropeço nos meus próprios erros, que deixei cair no chão e não tive mais vontade de pegá-los.

Afinal, onde eu estive todo esse tempo? Porque tenho me desgastado tanto e porque, meu humor age de acordo com as palavras, com as ações que eu ainda imploro receber de você. E ao mesmo tempo que eu imploro ir embora, eu imploro ficar, pois meu caminho se perdeu em absoluto, desde que eu te encontrei e por algum motivo, tenho caminhado junto com você. Mesmo que quieta e apenas ao seu lado, era simplesmente para sentir o seu perfume por mais um tempo. Simplesmente para sentir a sua risada ou alguma palavra desabafada, enterrada por sentimentos e dores. Parece que simplesmente eu caminhava ao seu lado, implorando um olhar mais sincero, implorando uma palavra onde você desmontaria todos os seus sentimentos para mim, se declararia ou se despediria em apenas algumas frases.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O que restou.


Ela se mantinha em silêncio apenas para calar seus demônios, apenas para calar seus medos. Para não mostrá-los, não ter de enfrentá-los novamente. Mas aqueles olhos a encaravam, a derrubavam, a desmontavam. Trazia um pouco daquele inferno novamente, um pouco daquele pedaço que ela jurava não mais sentir. Ela só não via mais saída e se encontrava com novas cicatrizes, se encontrava vestindo novamente a armadura, pois era muito duro ter de enfrentar aquilo tudo novamente. Ela vestia novamente a armadura e se enviava para uma guerra. Uma guerra silenciosa, com ela mesma. Fosse simples ou não, ela já não podia mais contar com seus sorrisos. Ela já não podia contar com ela mesma, não faria sentido. Era apenas uma realidade caluniosa. Ela estava apenas amedrontada, talvez arrasada. Estava apenas um pouco mais pálida e um pouco mais solitária, talvez dessa vez, ela tivesse de encarar tudo um pouco sozinha. Tivesse de encarar tudo e apenas, desistir. Não tirar mais a armadura.