domingo, 21 de junho de 2009

Nunca é tarde.

- Você se apaixona por mim agora, não? – perguntou a menina com um sorriso de canto.
- Como pode ter tanta certeza, afinal, nunca disse nada sobre isso. – respondeu o garoto, retribuindo o sorriso.
- Não sei, seus olhos me denunciam algumas coisas.
- E no momento, o que eles te denunciam? – perguntou o menino intrigado.

A menina encarou o garoto bem nos olhos por alguns segundos. Os dois estavam sentados na grama, um de frente para o outro, a única coisa que os iluminava era a luz das estrelas e da lua. Fazia uma linda noite de outono.

- Vamos! Você está me deixando envergonhado! – brincou o menino.
- Calma, deixe-me ver. – ainda encarando os profundos olhos verdes dele.

O menino sorriu para ela e deixou com que se olhassem mais alguns minutos nos olhos, enquanto o silêncio os cercava.

- Não sei... Receio que eles me dizem que você está feliz e que você tem medo de se aproximar. Sei também que você não sabe chorar, nem quando te quebra o coração. – concluiu a garota que agora, sorria – Sei te dizer que seus olhos me parecem aborrecidos e que são negados de muitas visões.
- São negados de muitas visões? – perguntou o menino confuso.
- Sim, você ignora o que eles vêem. Deixa para depois, deixa para nunca.
- O que você acha que eles vêem agora? – perguntou o garoto, agora encarando a menina profundamente nos olhos.
- Vêem a mim querendo conquistar seu coração, mas são ignorados por você e seus sentimentos frívolos. – a menina respondeu baixando a cabeça.
- Você sabe de muitas coisas, isso me surpreende.
- Vejo apenas os seus segredos que você joga no chão. – comentou a menina encarando o garoto.

- Tenho de te admitir uma coisa. – o menino disse espontaneamente, olhando pra menina.
- Pois diga. – sorriu ela.
- Seus olhos da cor do céu me encantam todos os dias desde que nos conhecemos, seu sorriso é fascinante. Você pode estar aqui ou em qualquer outro lugar, mas eu sei que continua ao meu lado. E não, eu não sou apaixonado por você. Sou simplesmente louco por você. Tão louco que eu poderia estar em qualquer outro lugar, você sabe, mas eu prefiro me manter aqui e contigo. Porque eu sei, eu preciso de você. E se demora tanto para eu conseguir ser feliz é porque eu nunca tinha encontrado algo tão extraordinário. Você se tornou a minha vida e isso me assusta.

sábado, 6 de junho de 2009

Queria ser outro alguém, por um dia.

“Você gosta da sua vida?”, ele perguntou tão inocentemente, talvez até mesmo esperando não receber resposta alguma. “Não sei, às vezes... não sei”, respondi sem nem saber o que estava respondendo ao certo.

É uma pergunta bastante complicada, pois a vida tem seus altos e baixos, tem as suas dores e as suas alegrias. Não sei responder ao certo, sei que no momento uma avalanche de sentimentos passa por aqui, qualquer um, cada um. Eles gritam, eles chamam, mas eu não quero ser chamada, não quero ser ouvida. O que está se passando aqui exatamente? Nada, ou tudo talvez. Depende da cabeça, depende do sentimento.

Caminho em frente ao abismo, devoro vorazmente minhas próprias palavras, escondo incompetentemente minhas lágrimas. Qual é o maior medo do mundo? Qual é a maior decepção de tal? Junte os dois, obtenha algo, é o que talvez eu sinta. O abismo está cheio de desculpas, decepções, falhas e corações quebrados, o abismo está cheio de medo. Mas eu caminho até ele, quero admirá-lo, quero fingir estar hipnotizada por tal buraco de denúncias falhadas de todos, de cada um.

Deduzo cada vez mais que eu gostaria de entender as fragrâncias da vida, de querer entender porque algumas horas as atitudes que tomamos machucam tanto. E eu nunca fui muito presente, talvez fosse, mas me cansei. Uma hora todos vão embora e já cansei de “aprender” isso. Assim se torna mais fácil não me aproximar, não deixar que me sintam perto e se sentirem, também sinta aquela distancia incoerente, pois assim é melhor, quando partir vai doer menos, bem menos.

Essas partidas de vai e vem machucam, dão medo de perder, mesmo quando não há motivos para temer. Melhor manter distancia. Difícil é quando já se aproximou demais, quando já conquistou o coração e de repente vai embora, sem mais nem menos, sem explicar. Apenas porque “cansou”, porque acabou. Porque falhamos, novamente falhou-se.

Nessas horas observo que o meu jeito mimado me faz ser assim, meio distante e meio tudo do meu jeito. E algumas pessoas talvez me olhem esperando que eu seja a tal “boa menina”, mas não sei ser essa boa menina sem ser eu mesma. Não sou má influencia, talvez me torne diferente do resto, mas é o meu jeito. Apenas o meu jeito. E assim tão inocentemente machuca profundamente quando não é sempre assim que me vêem, que sem antes conhecer colocam a fantasia de vilã. E isso não machuca sempre, mas machuca à mim.

Hoje eu estou meio afundada, meio esquecida. E quanto mais eu tento esconder, mais eu acabo mostrando, da vontade de ir embora, mas não tem para onde. Nessas horas a vontade de desistir de tudo a minha volta e sim, admito de cabeça erguida, eu já estou cansada de ser tão assim. Tão eu. Cansada das mesmas coisas, cansada de mim mesma, da minha vida.

Estou cansada de mim, dos meus problemas, cansada das feridas e dos corações quebrados. Estou cansada de sempre ser assim, sempre. De ser pintada de vilã, de ser a errada ou a errante. Cansada de ser assim, apenas isso. Cansada dessas palavras amarguradas que já não conseguem mais sair, pois são repetidas mesmo quando não são. Agora, enfim agora eu digo, se você viesse me perguntar hoje se eu gosto da minha vida, eu honestamente responderia “nem um pouco, chego até ter ódio de mim”.


Curitiba, 6 de junho de 2009. 5:51 am.