quinta-feira, 21 de julho de 2011

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A campainha toca e meu coração já salta. Antes mesmo de chegar à porta, eu começo a imaginar mil teorias. A campainha toca de novo e aí eu paraliso diante da porta, como se fosse uma tarefa impossível girar a maçaneta. Respiro fundo e abro. Ninguém. Ou pelo menos não mais. No caminho de volta para o meu quarto, fico a imaginar o que poderia ter acontecido, quem era e se é que era alguém. Infantilmente abro a janela do quarto e ponho a cabeça para fora. Olho para o lado e não vejo nada. Nada do que eu estivesse procurando. Mas procurando o quê, não é mesmo? Procurando seu carro ali estacionado e você dentro dele, tomando coragem pra de novo tocar a campainha? Quanta besteira a minha.


Curitiba, 21 de julho de 2011. 9:34

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Desgastada.

Me sinto patética dentro desse banheiro, criando uma cabana invisível, lixando as unhas da minha mão direita enquanto as lágrimas vão inundando os olhos até que já não sei mais o que é lixa e o que é unha. Até que então as lágrimas começam a escorrer constantemente do rosto e tudo o que eu faço é me jogar no chão e continuar ali, imóvel, torcendo para ninguém escutar. Torcendo para ninguém ver a cena deplorável em que me encontro.

E coloro o chão de vidro com pedaços do meu coração, deixando o sangue escorregar até alguém achar dramático demais e vir me falar que estou me perdendo em qualquer dor antecipada - ou seria dor acumulada? Dor de cortes invisíveis, de cicatrizes que se mostram de dentro e fora. Traumas que começo a criar mesmo que sem querer. Ou será que criam esses traumas em mim?

Quero o meu quarto só pra mim, quero o meu cobertor enxugando minhas lágrimas e não lencinhos do banheiro. Quero meu silêncio, meu espaço, minha dor. Quero meu drama. Quero espalhar pra quem quiser ver, dentro do meu quarto, o que eu tô sentindo - e bom não é, tá machucando. Quero um cafuné, quero nenhum movimento, eu quero meu escuro. Eu quero a mim e mais ninguém.

Quero minha televisão ligada, por favor. Só eu assistindo, fingindo que as coisas bobas que ali passam aliviam todo essa dor no peito. Levando todo esse drama pra longe, até eu pegar no sono e acordar de novo e demorar cinco minutos para lembrar de todo meu coração estilhaçado por aí.

Tem sentimento demais aqui. Têm machucados demais também e queria tempo - é, um tempo - pra bem infantilmente abrir a minha janela e conversar com as estrelas e perguntar por que tá tudo assim. Porque eu sou assim, que começo a desmanchar tudo o que eu tenho, que começo a desmanchar a mim mesma. Porque sou assim, tão frágil.

Eu que estou quebrando tudo isso ou é alguém que está fazendo quebrar?


Curitiba, 30 de junho de 2011. 23:58