quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Prisioneira do tempo.

O tempo sai girando, junto com os ponteiros do relógio. Dependo totalmente do horário, que faz o dia virar noite. Por algum motivo, o relógio parece estar indo contra mim. Quando é para girar rápido, ele transforma o tempo numa espera dolorosa e lenta e quando é para girar devagar, ele transforma o tempo numa corrida veloz como o vento. E sim, eu dependo do tic e tac do relógio.

Talvez eu me torne exausta devido a isto, sou prisioneira desta máquina infernal, que me faz ir dormir, mesmo quando não tenho sono, quando os ponteiros se voltam ao número 12. E isso me torna cansada. Tenho vivido contanto o tempo. Maldito tempo, em minha opinião. Tenho vivido de alegrias programadas, felicidades agendadas. É como se eu estivesse vendo uma montanha de presentes de Natal na minha frente, mas eu não os apreciasse, pois ainda não era dia 25 de dezembro.

O que me cansa, não são as felicidades agendadas, mas sim que pareço ter apenas elas. Aparentemente, eu ando aguardando os dias que eu sei que sorrirei, para me sentir bem, nos demais eu apenas vivo. Coloco um sorriso falso no rosto e caminho por aí, afinal ninguém quer realmente se importar. Ninguém se importa, totalmente, se o seu sorriso é falso ou não. Todos julgam que um sorriso grande no rosto, é sinônimo de felicidade, ninguém vê que a pessoa pode simplesmente estar sorrindo, porque não quer ninguém virando e falando “oi, está tudo bem?”, até porque, ninguém gosta de preocupações vindas de pessoas, que não são reais.

E realmente observo que se o relógio estivesse quebrado, onde nem pilhas novinhas iriam resolver, talvez eu me entendesse com o tempo. Deixaria de contar as horas para chegar a noite e começaria a aproveitar a tarde, como antes eu já fiz, para deixar com que a noite venha com certa doçura inegável.

Por estar tão desorientada e sem motivação, ainda sou guiada pelo tic e o tac do relógio. Como se as horas que tanto se repetem, fossem me guiar a fazer alguma coisa. A tomar alguma atitude. Mas francamente, não há atitudes para tomar. A espera tem sido longa, a dor tem incomodado, o estresse tem aumentado e só o que eu sei fazer é esperar. Encarar o relógio que parece não se tornar cansado nunca.
Afinal, cansada é a palavra que me resumi no momento. Não cansada das coisas que me machucaram, das pessoas que decepcionaram ou dos planos que falharam, mas sim cansada da repetição de tudo isso, da repetição constante, como a do relógio. Cansada das peças que ainda não foram encaixadas.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Ainda era cedo.

- Respire, respire! – repetia para si mesma.

A menina andava de um lado para o outro, ao lado de um quiosque de informações. Seus olhos encaravam o chão, seus passos eram apressados e o nervosismo a fazia estralar os dedos, coisa que odiava fazer e julgava doloroso.

- Eu... Eu preciso embarcar. - o garoto apareceu dizendo, com a voz falhada.

Subitamente a menina parou, levantou a cabeça e começou a encarar o garoto. Seus olhos demonstravam um enorme desespero.

- Não, ainda é cedo! – ela exclamou, haviam lágrimas escorrendo com rapidez em seu rosto.
- Não há o que eu possa fazer... Sempre será cedo. – o garoto admitia olhos marejados de lágrimas – Merda! Como é difícil!

O garoto admirou a menina, com um sorriso um tanto vaciloso.

- Quando eu voltar vou querer você exatamente como é agora. – disse olhando a menina – queria poder congelar você.

A menina riu com as palavras. Suas ações foram tomadas pelo medo, a única coisa que conseguiu fazer foi tirar seu anel do dedo e pousá-lo na mão do menino.

- Para nunca se esquecer de mim. – sorriu com lágrimas.
- Jamais me esquecerei de você, minha bonequinha.

Com um impulso súbito, o garoto a abraçou muito forte, de uma maneira que nunca havia a abraçado. Logo o abraço fora interrompido pelo anúncio da última chamada para o embarque do voo dele.

- Preciso ir embora, amor. – encostando a testa na testa da menina.
- Não vá! Um ano é muito tempo sem você. – a voz dela fraqueijava e demonstrava medo.

O garoto sorriu falsamente e a abraçou novamente.

- Eu te amo. Muito. – dando um beijo na menina.
- Eu também te amo, sempre amarei.

Ele sorriu e se distanciou. Deu as costas para a menina, que estava totalmente imobilizada. Seguiu com passos rápidos para a porta da sala de embarque. Antes de entrar olhou para trás.

- Vou voltar para você, garota! Eu prometo!

A menina sorriu e ele retribui o sorriso. O garoto então correu até a menina, lhe deu um último beijo e sorriu, um sorriso tranquilo e sincero. Novamente deu as costas e se foi. A menina, que o observava com um olhar agoniado entrando na sala, abraçou o ursinho que tinha ganhado com o cheiro dele. Instantaneamente lágrimas saíram de seus olhos enquanto o via partir. Ela o viu simplesmente indo embora. A deixando com lembranças e saudades, a deixando sozinha. Fazendo-a esperar a incerteza de sua volta.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

O tempo que não volta.

Tenho tido uma leve nostalgia. Pensamentos que me arrastam para muito longe, alguns anos atrás, algum tempo atrás. Tenho escutado uma banda que há muito tempo não escutava, inconscientemente eu me lembro do que eu passava naquela época. Eram tantos sonhos e tantos risos! Eram tantos amigos, daqueles que eu jurava que jamais deixaria para trás. Me decepciona saber que muitos deles ficaram no passado. Muitos deles estamparam fotos e hoje se perdem no mundo, se esquecem e de vez em quando são lembrados na minha memória.

Ando tendo saudades do mundo que eu levava comigo e mesmo que às vezes fosse cheio de dores e de lágrimas, eu continuava em pé. Por algum motivo eu sabia muito bem como contornar a situação. Sabia fugir dos problemas e ainda conseguia certa admiração de quem estava comigo o tempo todo. Fugi do colégio, quando mais nada me prendia lá, saí sem ninguém saber. Sem avisar, apenas fui, com medo de voltar. Troquei de amigos e aqueles, que na época, eu havia deixado para trás, não faziam diferença alguma. O que me da muitas saudades, saudades do passado que eu tenho sido obrigada a deixar para trás.

Aprendi que muitos que compartilharam comigo aquele melhor tempo vão continuar ali. Mesmo que distantes eu sempre os senti por perto, mesmo que apenas de vez em quando eu possa abraçá-los. Mas hoje dói saber que aquela realidade não existe mais. Dói trocar de amigos e continuar vivendo, tendo saudades de tudo aquilo. As saudades se acumularam, as pessoas cresceram, se tornaram adultas. Os amigos que antes não queriam saber da vida, hoje tem de trabalhar, amanhã de manhã trabalhos da faculdade os esperam. A tal grama verde, aquela que era a melhor do mundo, não é mais tão verde. As pedras que tanto abrigavam a todos, hoje são apenas decoração de uma praça qualquer. E todos aqueles vinhos que comprávamos e bebíamos logo em seguida, que eram jogados na grama, sujavam aquele lugar. Mas era o nosso lugar, era a nossa sujeira. Cigarros, tantos jogados no chão, um atrás do outro e mesmo a fumaça sempre me sufocando, era parte daqueles dias. Não havia quem mudasse isso.

Me disseram para esquecer, mudar de página e continuar vivendo. Mas oras, foi isso o que eu fiz. Mudei meu jeito, mudei minhas atitudes, aprendi a gostar das pessoas novamente, mas receio que meu sorriso nunca mais foi igual. E quando volto a lugares onde todos eles se reúnem, eu vejo as saudades acumuladas, mas ao mesmo tempo vem aquela dor. O coração se espreme, pois ao vê-los observo que cresceram e o mais engraçado, que aí, eu vejo que também cresci.

Hoje são lembranças, memórias esquecidas para de vez em quando contá-las para pessoas que nunca presenciaram. Conto algumas em risadas e outras em lágrimas, mas não passam de lembranças. Há quem deixou de lado tudo aquilo e foi embora, há quem simplesmente mudou, há quem mudou as tardes quentes e ensolaradas por um barzinho fresco todas as noites. Há quem arrumou novos amigos, novas diversões. Há quem se perdeu, pessoas que até hoje eu amo, mas se perderam. Há quem deixou de lado uma vida inteira, apenas para seguir em frente, hoje passa como se fosse um desconhecido. Mas, de fato, é um desconhecido.

O que mais dói, é que todos sentiam o fim, mas nunca ninguém quis dizer que ele estava lá. Porque todos gostavam da tarde que nunca acabava, dos vinhos, dos cigarros. Todos gostavam das risadas e das músicas. Todos gostavam das brincadeiras e dos amigos, que mesmo não sendo eternos, quando existiam, eles eram. E mesmo que diziam “estou aqui, porque não tem mais nada para fazer”, ninguém recusava perder um sábado naquele lugar. Ninguém recusava perder algum dinheiro, entrando em um show entediante e monótono.

Hoje, quando passo por lá, é outra história. As pessoas mudaram, as pessoas esqueceram com grande facilidade. Não é mais o mesmo grupo de amigos e nunca vai ser, pois quem presenciou aquele tempo, pode até omitir, mas acaba admitindo, que não existiu melhor tempo. Eram garotos e garotas, todos misturados, fazendo festa, conversando e rindo. E o mais importante, ninguém queria saber do amanhã, afinal, amanhã iria vir, dali algumas horas, não tinha importância. O mais especial, é que eram sempre novos romances, sempre novas histórias. Era sempre o all-star e o rock. Era sempre a bebida e as risadas. Eram sempre algumas tardes, que faziam toda a diferença, talvez não na época, mas hoje.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O mundo que tem de continuar girando.

Sempre que viravam para mim e diziam; “calma, tudo vai melhorar. Mas seu mundo tem de continuar girando”, eu nunca entendi. Realmente nunca fiz questão de entender, afinal, como que um mundo em pedaços, desmoronando, iria de alguma forma girar? Entendo perfeitamente a parte de “o mundo não vai parar, só para você se reconstruir”, mas agora sendo egoísta eu acabo me perguntando, porque o mundo não pode parar?

Mal consigo caminhar, parece que todo lugar alguma coisa atinge contra mim, o único lugar que me salva é onde posso ficar sozinha. Totalmente em paz, não comigo, mas com o mundo. E de certa forma, admito que doa olhar pra frente e ver absolutamente nada. Talvez eu veja apenas dez meses distante de tudo isso. Mas aí vem a pergunta, e até esses dez meses chegarem? Novamente eu acabo perguntando, porque o mundo não pode parar?

Para quem está fora da situação, ou mesmo para quem está dentro mas não se importa, é muito simples apenas me olhar nos olhos e dizer; “o mundo gira, continue girando com ele”. Mas e para quem sente a dor? E para quem o mundo não gira mais? Como já dizia o ilustre Shakespeare “todo mundo é capaz de superar a dor, menos quem a sente”. Sim, eu realmente concordo com cada junção de letra com ele. Acontece que quando não é você quem sente a dor, o seu mundo continua girando, então porque raios você teria dificuldade de virar para o machucado e dizer para ele continuar vivendo, como sempre viveu? É, eu também não entendo.

Talvez eu tenha um dom, que é de nunca virar e dizer essas palavras. Não, não é porque eu já sofri todas as dores, mas sim porque sei qual é a dor de seu mundo estar quebrado e ser obrigado a continuar girando. Sei como é ouvir essas palavras e por mais sinceras que elas sejam, dói. Se for observar melhor, o conselho de continuar vivendo, mesmo com os cortes, é o mais sincero que qualquer ser humano poderá dar. Mas é doloroso para quem recebe. Extremamente doloroso e até mesmo absurdamente impossível. Afinal, como é que faz o mundo girar, se o seu mundo ainda está desabando?

Quando me diziam; “calma, tudo vai melhorar. Mas seu mundo tem de continuar girando”, eu não só não entendia, como também tinha raiva de quem falava. Afinal, não é a pessoa que está sentindo a dor, é? Não. E também, não é ela quem sabe das guerras que esta acontecendo aqui dentro, é? Também não. Então, talvez, o melhor conselho é depois de dolorosas lágrimas, deitar ao lado da pessoa, fazer cafuné e depois do choro e de palavras amarguradas é dizer; “o que me diz de sair? Passear pelo mundo?”. É, era esse conselho que eu queria ouvir. Pois convenhamos, todos nós sabemos: o mundo continua girando, mas faltando um pedaço.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Ah, de quase tudo que eu sei.

Não, eu realmente não saberia te contar sobre as dores. Não saberia explicar o que exatamente é um coração quebrado ou uma decepção que mais mata, do que ensina viver. Eu não sei contar sobre sentimentos, tão pouco sei transmitir o calor ou a frieza que com eles vem. Mas eu sei falar das cores. Eu sei falar dos cheiros. Eu sei falar das figuras. Eu sei falar dos ventos. Eu sei falar do som, ah desse, eu sei muito bem.
Sei contar qual é o segredo de um sorriso, ok talvez não saiba, mas sei contar sobre o sorriso que nasce de outro sorriso. Sei explicar exatamente o som, o cheiro, a forma. Sei contar sobre aquele perfume, ah que perfume! O melhor do mundo, no momento, para mim. Já descobri que consigo te explicar exatamente o que é ver um sorriso, aquele sorriso. Aquele preferido, que faz meu mundo desandar, eu me perco me achando e afinal, não importa. Ah, que sorriso!
Não consigo explicar o que grita aqui comigo, mesmo se soubesse, será que os gritos seriam dignos? Será que os gritos valeriam para serem escutados? E honestamente, pretendo não saber. Pois eu não sei explicar, não quero saber como se explica a dor do coração. A dor da solidão. Mas eu consigo te dizer, o que é a solidão sair de vagarinho, apesar de depois voltar, por causa do perfume ou do sorriso que está por perto. Eu consigo te contar, o que é a felicidade se preencher, por alguns segundos que sejam, devido a algum abraço que me aperte forte e que não seja, apenas um abraço. Seja aquele abraço, aquele que mesmo sem palavras te diz absolutamente tudo, algo como “eu quero te odiar, mas não consigo”, ou até mesmo algo como “você não sabe a falta que me faz”, porque não?
Mas deixa eu contar um pouco das cores. Quero explicar, que quase nada sei do preto e do branco, apesar de estarem mais presentes em mim, do que todo o colorido restante. Mas simplesmente não sei explicar, porque preto e branco é muito incapacitado, o preto é algo tão sombrio e o branco algo tão leve. Não há necessidade de explicações para ambos. Eu gosto do roxo e do vermelho! Vermelho me lembra sangue o roxo, me lembra a mim mesma. Gosto do verde e do amarelo, gosto do azul! Gosto do laranja e gosto do rosa, mesmo sendo de menininhas. Sei te dizer, que as cores explicam o que se passa dentro de você. Já vi, que quando meu mundo desmorona, me deprimi ver cores tão alegres – como o amarelo e o laranja -, no entanto, o preto e o branco me seguem. Sempre, sempre presentes. Engraçado, não?
Gostaria de saber falar melhor das vozes, mas aí é de cada um. Algumas vozes me tranqüilizam, outras me assustam. Há alguma voz, que me faz tremer, me faz sorrir e de vez em quando, até chorar. Vozes são cores, são formas. Vozes são macias e tão duras, são doces e amargas.
Afinal, tudo o que eu queria dizer, não disse. Apenas novamente, contei palavras, expliquei o que nem eu sei direito. Mas de fato, eu repito, sei mais das cores e dos perfumes, do que das dores tão acumuladas e irracionais e dos cortes tão assimétricos e irreais.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Quando não se sabe mais.


Não sei ao certo, mas creio que não sei mais gritar. Antes o que parecia tão fácil, hoje parece tão complicado, e mesmo gritar, a plenos pulmões para explicar e dizer a todos, toda a dor que insiste em me carregar aqui dentro, parece impossível, parece que a voz sai falhada, sai tremida e com medo de ser uma voz forte. Parece ter medo de ser ouvida, ter medo de todos a entenderem ou simplesmente nem tentarem a entender. Queria que olhasse nos meus olhos e não dissesse nada, apenas ficasse me olhando, não pedindo uma palavra em troca. Apenas olhos arregalados de solidão, olhos arregalados de uma mente cansada e quase sem vida. E mesmo que o maremoto não seja tão intenso, não é tão mais fácil.
 
Tenho de encontrar motivos, tenho de encontrar pensamentos absolutos, apenas para entender essas palavras que se chocam contra mim. Tenho tentado de tudo, tenho tentado entender os sentimentos que claramente se escondem através de suas ações tão indelicadas, mas me parece inútil, quando paro para pensar. Afinal, o que é entender o que não se pode? Já cansei de contar os cortes no braço, as cicatrizes que parecem não sumir com o tempo, cansei de contar as lágrimas que parecem não desaparecem com o tempo. Cansei de me sentar ao lado de um quase estranho e tentar entender a sua mente, tentar entender os seus propósitos.

E o que eu estou fazendo? Para onde eu estou me atrevendo ir, sendo que já perdi o senso de direção há tempos. Quando eu falho, tento culpar as pedras no meu caminho, quando na realidade eu mesma tropeço no ar. Tropeço nos meus próprios erros, que deixei cair no chão e não tive mais vontade de pegá-los.

Afinal, onde eu estive todo esse tempo? Porque tenho me desgastado tanto e porque, meu humor age de acordo com as palavras, com as ações que eu ainda imploro receber de você. E ao mesmo tempo que eu imploro ir embora, eu imploro ficar, pois meu caminho se perdeu em absoluto, desde que eu te encontrei e por algum motivo, tenho caminhado junto com você. Mesmo que quieta e apenas ao seu lado, era simplesmente para sentir o seu perfume por mais um tempo. Simplesmente para sentir a sua risada ou alguma palavra desabafada, enterrada por sentimentos e dores. Parece que simplesmente eu caminhava ao seu lado, implorando um olhar mais sincero, implorando uma palavra onde você desmontaria todos os seus sentimentos para mim, se declararia ou se despediria em apenas algumas frases.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O que restou.


Ela se mantinha em silêncio apenas para calar seus demônios, apenas para calar seus medos. Para não mostrá-los, não ter de enfrentá-los novamente. Mas aqueles olhos a encaravam, a derrubavam, a desmontavam. Trazia um pouco daquele inferno novamente, um pouco daquele pedaço que ela jurava não mais sentir. Ela só não via mais saída e se encontrava com novas cicatrizes, se encontrava vestindo novamente a armadura, pois era muito duro ter de enfrentar aquilo tudo novamente. Ela vestia novamente a armadura e se enviava para uma guerra. Uma guerra silenciosa, com ela mesma. Fosse simples ou não, ela já não podia mais contar com seus sorrisos. Ela já não podia contar com ela mesma, não faria sentido. Era apenas uma realidade caluniosa. Ela estava apenas amedrontada, talvez arrasada. Estava apenas um pouco mais pálida e um pouco mais solitária, talvez dessa vez, ela tivesse de encarar tudo um pouco sozinha. Tivesse de encarar tudo e apenas, desistir. Não tirar mais a armadura.