Ah, que besteira infantil. Vejo fotos que sempre vi, mas dessa vez olhei com outros olhos. O coração apertou tão forte, que por pouco não escorrem lágrimas grossas. Dizem que isso é saudade. Agora do que exatamente, já faz mais de dois anos que estou para descobrir. Mas acho que é isso, o tempo vai passando e a nossa vida vai se desgastando e começamos aos poucos, a pensar nas oportunidades que tivemos, nos momentos que vivemos e até mesmo, das coisas que deram erradas, mas foram coisas que podem ser que nunca mais aconteçam.
Voltei pra minha casa morrendo de medo, uns anos atrás.
Tremia de vontade de estar logo nos braços de quem me ama, ignorei todos os
sinais de que eu precisava aguentar um pouco mais, para ter mais histórias para
contar. Larguei tudo o que eu tinha e quase voltei só com as roupas do corpo.
Suava de vontade de simplesmente chegar. Até que de repente, cheguei. Cheguei
pro mundo que eu conhecia. Depois de um tempo, só depois de um tempo, descobri
que deveria ter aproveitado mais, pois era uma chance e uma experiência única.
Coisa de nunca mais.
Mas até que penso que ao menos, estive do outro lado do
oceano por um tempo. Enfim, mesmo já passando muito tempo, lembro dessa
história com um certo gostinho de quero mais e até mesmo de tristeza. Pois
sinto falta. Sinto muita falta. Cadê aqueles momentos engraçados e tristes,
aquela solidão ardida? Os cafés de final de tarde e os chocolates de todo dia?
A preguiça matinal e o ódio das aulas aos sábados? Cadê as folhas secas caindo
no outono?
Poxa saudade, você me pega de jeito às vezes, sabe. Você
realmente me derruba de uma maneira surpreendente. E você dança de salto agulha
em cima de mim, mesmo depois de muito tempo. Até mesmo quando não faz mais sentido
você dançar. Mas você dança toda graciosa, exibindo todo o seu poder sobre mim.
Afinal, você sempre vem. Até mesmo quando me lembro dos bons momentos, você
simplesmente vem, pois você precisa aparecer, se mostrar e me fazer arder em
chamas de saudades, dessas pequenas coisas deliciosas que eu vivi e que
infelizmente, não voltam nunca mais.
São Paulo, 11 de agosto de 2012. 01:01