quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Um ano atrás.

Eu tinha descido do avião, estava eufórica. Não entendia quase nenhuma palavra de italiano, havia perdido uma das minhas duas malas, estava cansada, com calor e com fome. Não tinha ideia do que fazer e queria me derramar em lágrimas, me desesperar. Mas no fundo, lá no fundo, eu estava bem. Assim como todos estávamos.

Não demorou muito para aqueles quatro primeiros dias na Itália se tornarem alguns dos mais bonitos da minha vida. Era meu sonho cada pedacinho daquele lugar.

Hoje eu ignoro tudo o que sofri. Ignoro os dias que passei a chorar e também os dias que desejei mais que tudo, voltar pra casa. Eu tive meu tempo e dentro do meu possível, eu fiz dele inesquecível. Cada dia que acordei na Itália se tornou único.

Dos sorvetes que tomei, dos cappuccinos de toda tarde, dos deveres e provas nunca feitos, das viagens que tive a sorte de fazer, das pessoas que conheci, das cidades que se tornaram brancas pela neve, da árvore de Natal montada fora de casa, do ano novo diferente, das compras, das cervejas que bebíamos sem perdão e até das escapadas pela janela, mesmo sabendo que não era preciso. Disso e mais um pouco, eu sinto falta.

Saudade de falar em italiano, de passar o dia em Venezia, de me apaixonar por Verona e contar os dias para chegar a Roma. De conhecer a Bélgica e nem perceber que eu estava conhecendo outro país. De brincar e de sorrir, de chorar e desabafar. Saudade de guardar uma saudade imensa e de escrever inúmeros textos, esperando que assim minha dor se desviasse.

Saudade da minha Itália e de tudo o que eu vivi, de tudo o que eu ousei viver. Das experiências que eu tive e mais ninguém teve, da fé em mim mesma que perdi no começo e depois de um tempo, comecei a recuperar.

E há exatamente um ano atrás no Brasil eram 17:42, e na Itália já eram 22:42. Eu estava fazendo amigos, me divertindo, contando histórias e rindo muito, estava vivendo minha primeira noite na Itália, a primeira de muitas. Há exatamente um ano atrás eu estava começando uma aventura, uma vida. Estava começando um novo capítulo, único e especial. Inesquecível.


"Magari volevo essere in Italia per un'attimo. Il paese più bello, la mia mancanza infinita."

Curitiba, 1º de setembro de 2010. 22:46