sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Hoje quis.



Eu esqueço de não mais procurar. Esqueço assim como esqueci do café gelado em cima da mesa no café da manhã, fingi que estava na praia e que o sol da manhã me abraçava sutilmente, me convidando para uma caminhada. Mas não caminhei. Hoje moro entre os prédios e faço rezas todos os dias, para que o sol venha bronzear um pouco a minha pele, iluminar um pouco o meu quarto. Peço enquanto caminho entre carros, que na próxima esquina eu encontre sem querer um novo motivo pra tudo isso. Pois assim como o bolo de forma inteira que eu não posso comer sozinha, não aguento mais ocupar os dois travesseiros da cama de casal que preenche o meu quarto. E meus dias solitários.

Hoje eu quis cerveja, um brigadeiro, um sorvete, um caldo de cana no parque, embaixo de uma árvore. Hoje eu quis sentir o cheiro do meu apartamento em São Paulo novamente. Saudades daquela vida macia e áspera. Saudade daquelas tardes ensolaradas e daquela solidão tão precisa. Do porta-retrato na prateleira da sala, do vizinho que gritava demais e da oportunidade de ser tão cheia, mas também tão vazia. Saudades dos dias longos, das sonecas de verão. E depois... Saudades da praia.

Quis acordar em outro lugar, talvez junto do mar. Parar de procurar a figura dele em cada esquina. Quis dividir o café, pois eu fiz pra dois. Quis dar significado pro meu dia, quis dividir o sofá e ver um filme bobo. Quis suar fazendo amor, quis apagar essa ânsia toda com uma risada que ecoaria pelo quarto. Quis justificar o medo, quis não deixar as coisas pra depois. Vem aproveitar esse sol comigo, tomar uma água de coco, andar de Havaianas pela beira mar. Segura o banquinho da minha bicicleta? Nem sei se ainda sei andar... Será que da pra pegar o carro e andar pela estrada, com os vidros abertos e sentir todo o mundo te dizendo como o céu azul?

O verão está chegando, o sol tá brilhando e o mundo nunca me pareceu tão pequeno. Vem aqui, que tem cerveja na geladeira, mas vamos tomar lá fora e rir um pouco da vida. Quero companhia, quero o travesseiro esquerdo preenchido. Cantar músicas entre sorrisos, sentir o calor abraçando o corpo enquanto eu peço pra ficar o ano inteiro, de janeiro a janeiro, até o mundo acabar. Será que dá?


Curitiba, 31 de outubro de 2014. 01:01

sábado, 4 de outubro de 2014

Olá, outubro.


Bem, enfim amanheceu outubro, que ainda não sabe que já pode sim esquentar, então aí nasceu manhoso, meio nublado, meio de um jeito errado. Passou. Passou tudo e o mundo, assim meio inseguro, disse num tom bravo: chega. Pois a primavera precisa florescer, no jardim e aqui dentro. Precisa cuidar todos os dias das rosas e amar cada flor que nasce. Cuide do que é bonito, pois é válido.

Sobre os dias que passaram depressa, vejo bobamente o tanto que me aconteceu, o tanto que ousei conhecer e, porque não; mudar. Mudar é bom, meu bem. Juro que se você começar a gostar mais do calor não te fará menos curitibano, mas sim mais vivo. Pode começar a preferir vinho de vez em quando, pode deixar de gostar da faculdade. Juro, de verdade – pode. 

Se você quiser, pode andar descalço no chão de madeira da casa da vó e sorrir pra quem tá no elevador, pode até ser interessante. Cor de cabelo, de estilo, de cidade ou país, até mesmo de nome nas redes sociais, mas em horas assim é essencial que mude. Mude tudo de lugar, de caminho, de opinião. Mude o prato preferido e a melhor música. Conheça filmes e pessoas, mas mude.

Antes que termine o dia ou até mesmo o ano, tenha certeza que mudou o bastante, pois mudar é bom. Sabe, te conto que nessa vida eu entendi uma coisa: tem que crescer. Tem de entender seus passos e suas posições, tem de sorrir. Mesmo que o coração esteja em pedaços, meu bem, tem de sorrir. Tudo nessa vida se ameniza quando se sorri e não te preocupa, pode até piorar, mas depois melhora e tem de deixar melhorar, por isso mude.

Veja que já é outubro e estou querendo ir à praia, pra amar cada pedacinho dessa minha vida. Quero gritar, ser inteira, pois sabe? Tem que querer. Somos tanto e vivemos pouco. Tem de gostar de sorvete, de sol, de sorrir. Tem de juntar amigos pra uma cerveja, pra almoço ou fundue. Só não pode se afastar, tem de estar ali ó, do ladinho. Meu bem, eu juro pra você, por mais que grite de dor a noite, tem de agarrar fundo o amor de dia. Tem que amar e ser amado, mas nunca implore amor, isso não se pede, se ganha.
 
Mais que tudo, meu bem, seja feliz. Ser feliz é necessário e torna a tua vida extraordinária e honestamente, nunca aceite nada menos pra ti do que o extraordinário. 

Assim sendo, seja bem-vindo outubro.


Curitiba, 1º de outubro de 2014. 22:07