quinta-feira, 13 de novembro de 2008

E ela volta logo?

Ela levou as roupas, levou os sapatos, levou as bolsas. Levou as malas e o laptop. Foi apenas o começo, de uma partida. Ela levou a calça dela, que eu sempre pedia emprestada, inclusive levou a minha, pedindo, é claro. Foi apenas o começo, eu sei. Depois ela volta, para levar os cds e os livros que tanto ama, ela volta para buscar alguns bichinhos de pelúcia. Ela volta, para deixar saudades.

Eu sempre esperei a sua partida, mas nunca acreditei que seria tão cedo. E eu, que tanto brincava “eu ainda vou sair dessa casa antes que você”, se eu soubesse que estava errada, não colocaria tanta esperança de que ela ficaria aqui por mais tempo. Não estará muito longe, nada que cinco horas de carro ou cinqüenta minutos de avião não resolvam, mas não importa, é bem mais do que o um segundo até a porta do quarto dela. E eu sorrio, muito, sabendo que ela esta bem. Mas tinha que ser logo agora? Tivemos tão pouco tempo! Não digo tempo de anos, pois assim, tivemos dezesseis anos e alguns meses, mas digo tempo de tempo mesmo. Tempo de momentos. Se eu soubesse que ela estaria se afastando. Eu nunca teria brigado, nunca teria acusado, nunca teria chutado. Eu nunca teria xingado, nunca teria me afastado, nunca teria deixado uma saída juntas me escapar. Eu nunca teria deixado ela. Nunca.

Por enquanto, ela ainda esta perto. Sua ausência é contida a apenas algumas quadras de distância. Mas e daqui a pouco? E daqui a alguns meses? Não quero ter ela como alguém distante. Não quero. E mesmo não querendo, não tem como não ter. Cada uma segue a sua vida, há tanto tempo as pessoas vem me falando isso! Mas não gosto de aceitar, dói um pouco. Dói muito.

Mesmo que ela acompanhe, mesmo que ela consiga me levar onde eu sempre pedi, não será a mesma coisa. Jamais seremos novamente, nós duas e aquelas risadas, nós duas e os garotos. E realmente é difícil, encarar que ela cresceu. Que ela precisa crescer. E eu também preciso e talvez, esteja na hora disso. Nunca fui o Peter Pan e ela também não, não tem como ser. Mas eu realmente tinha idéia de que um dia ela ia mudar, ela ia virar independente, mas mesmo assim, nunca imaginei que seria agora. Foi tão “para já”, a rapidez não deixou nem com que eu pudesse ver direito, o que estava acontecendo. Quando eu vi, o destino me tomou o tempo. O destino me tomou ela, o destino foi infeliz o bastante, de começar a colocá-la longe disso. Longe da vida, que eu, estava acostumada.

Não, ela não esta partindo para nunca mais voltar. Ela volta, sempre volta. Mas diferente, crescida. Não mais aquela que me acompanhava, que dedicava todo o seu tempo para mim e, mesmo que nunca ninguém entenda. Mesmo que algumas pessoas riem de mim, eu tenho que ser honesta. Ela não vai estar muito longe, mas mesmo estando a 400km de distancia, ela esta levando uma parte de mim. Porque é fato, metade de mim é ela.

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