Eu espero vivamente que esta partida não te doa, pois
honestamente, não quero pra ninguém essa dor no peito que eu tenho agora. Foram
dias, meses e já vira o ano, em que a ardência aqui dentro me consome muitas
vezes. Nesse vai e vem de aventuras e amores, eu nunca entendi ao certo se, eu
podia ou não, enfim seguir em frente. Tive muito gosto estranho na minha boca e
aguentei em meus lábios do tabaco ao gole de whiskey. Permaneci intacta emocionalmente, pois vai
que? Vai que volta, vai que eu faça falta. Vai que ainda me ama.
Pois assim, bem sem querer mesmo, eu ardi por perceber que
não. Não te doo mais o peito, minha ausência em ti é clara e a tua vida seguiu, de uma maneira que a minha não. Você sorriu do momento que saiu do meu prédio, carregando contigo toda
a tua certeza: não voltar. E acho que eu nunca realmente acreditei nisso, ou
melhor, me custou acreditar. Teus olhos nunca mais me procuraram e tua boca não
ousou mais me chamar. Eu virei página virada e de mim você guardou apenas uma
pequena coisa: recordação. Enquanto que eu guardei saudade.
Eu sentei agoniada no quarto, na sala, no carro. Chorei.
Passei em frente ao teu antigo prédio. Procurei sinais. Conversei. Busquei
saber se de fato era verdade. De noite enquanto vinha toda atropelada para
casa, me dei conta que nem o rádio liguei e nem percebi o silêncio. Cheguei cansada, dormi, acordei e não quis
trabalhar, não quis conversar. Simplesmente não. Enquanto aguardava no
hospital, por um atestado de motivo bobo, me deparei com o que
eu estava sendo e, porque, tão amargamente guardei esperanças de algo que não
volta mais. Evitei dores e amores, evitei viagens e para todos justificava
apenas que não dava.
Eu, assim desse jeito mesmo, simplesmente parei no tempo. Dessa dor que eu carrego e ninguém entende o motivo de eu ser tão frágil. Desse meu jeito de que vou sorrir sim, mas meus olhos vão brilhar de lágrimas. Desse meu jeito todo errado, fiquei sentada esperando que talvez um dia você percebesse que eu ainda era importante, enquanto que para você, a rota já tinha mudado e a vida nunca estivera sendo mais bonita. Eu deixei de ser a tua pessoa preferida, enquanto eu ainda acreditava que você era a minha.
Eu, assim desse jeito mesmo, simplesmente parei no tempo. Dessa dor que eu carrego e ninguém entende o motivo de eu ser tão frágil. Desse meu jeito de que vou sorrir sim, mas meus olhos vão brilhar de lágrimas. Desse meu jeito todo errado, fiquei sentada esperando que talvez um dia você percebesse que eu ainda era importante, enquanto que para você, a rota já tinha mudado e a vida nunca estivera sendo mais bonita. Eu deixei de ser a tua pessoa preferida, enquanto eu ainda acreditava que você era a minha.
Nunca doeu tanto partir de alguém como tem me doído partir
de ti. Eu deveria ter feito isso antes, mas nunca tive coragem. Mais do que
partir de ti, preciso te fazer sair daqui ó, de dentro. Preciso te arrancar, te
machucar, não te fazer mais voltar, eu não mereço mais isso. Enquanto brincava
de fazer café e comida pra um, eu fingia que te esquecia, mas te procurei em cada copo
de cerveja vazio, em cada música de coração partido. Mais do que nunca nesse momento
eu preciso ir embora, não é mais justo você continuar a ser pra mim, o que eu
nunca mais serei para você.
E por favor, não me procure mais. A tua ausência me doerá
bem menos que esse teu leva e traz.
Curitiba, 23 de setembro de 2014. 01:04