segunda-feira, 26 de julho de 2010

Uma fala.

- Me faça dormir no seu colo, encare meu rosto com aquele seu olhar que eu adoro, respira junto comigo e veja as estrelas na mesma direção que eu. Agüenta firme quando vierem tempestades e segura minha mão, para andarmos juntos nos dias de verão. Sonhe junto de mim e se permita amar tanto assim, toca meu coração com seus dedos quentes. Fale sobre a eternidade, a nossa eternidade.

Curitiba, 26 de julho de 2010. 20:23

domingo, 18 de julho de 2010

Entre três amigos e três vidas diferentes.

Éramos os melhores, os maiores. Mais vivos e mais unidos. Sorriamos juntos e na mesma sintonia, tínhamos mais planos e mais sonhos. Éramos iguais, mesmo que com objetivos totalmente diferentes. Mas crescemos sem estarmos de mãos dadas e o tempo nos foi tomado quando os dias se tornaram meses e assim, se tornou um ano e pudemos então apenas seguir em frente. Caminhamos para um vazio onde deixamos de ser quem éramos e nos tornamos quem somos. Vivemos na ausência um do outro e, infelizmente, aprendemos a viver sem os encontros uma vez por mês. Éramos vários e eu contava os dias para subir num avião, num ônibus ou em qualquer coisa que me trouxesse de volta para aquela cidade que me fazia tão bem. Os dias nunca eram o bastante e o tempo deslizava rapidamente das nossas mãos. Mas uma hora não podíamos mais fazer sentido, assim como não fazemos agora. Era necessário que nos tornássemos outros e carregássemos histórias que não quiséssemos contar e talvez nem os outros ouvirem. Fomos diminuindo e com o tempo, nossos corações não tinham mais lugar para tantos. Restaram-nos fotos e histórias, lembranças de uma mente que não as quer apagar. Estamos velhos e desimpedidos, cada um está num lugar onde o céu é maior, aquele céu que tanto falávamos e hoje encontramos. Estamos regando flores e colorindo um arco-íris, esperando voltar a ser o que costumávamos ser, quando estávamos juntos: três idiotas tomando a “última” cerveja numa mesa de bar e enfeitando risadas e vidas com alguns figurantes que iam e vinham.

Já fomos melhores juntos.

Estrada de volta para Curitiba, 14 de julho de 2010. 18:45

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Realidade não-real.

“Eu tive um sonho ruim e acordei chorando”, talvez cantasse Cazuza para mim, se me visse acordando com os olhos lacrimejados esta manhã. Sonhei com aquele desespero de perder, não para o nada, mas para outra pessoa. Minha respiração estava trancada, desesperada, meus olhos encharcados de lágrimas e meu coração palpitava freneticamente, como se o mundo estivesse ruindo, se perdendo.

Chego a conclusão que odeio sonhos que parecem reais, que demoram para serem “apenas sonhos” quando acordamos. Às vezes, afinal, sonhos podem machucar mais do que a realidade, pois acordamos desnorteados, assustados. Achando que tudo aquilo que sonhamos e não tivemos o mínimo de controle para acontecer, era real. Aquele real cru, daquela realidade nua e crua que tanto sabemos odiar.

Esta manhã quando abri meus olhos, eles estavam marejados por uma maré de lágrimas, meu coração apertado por uma dor irreal, uma dor de perda falsa. Porém, tal falsidade era tão perfeita que parecia verdadeira, doía até mesmo perceber que era mentira. E demorou, demorou muito tempo para eu descobrir que era o sonho e que a perda não ocorreu, que a briga não aconteceu e que meus gritos arranhados, eram simplesmente confrontos silenciosos na minha cabeça.

No entanto, logo veio o alivio. Me situei em meu quarto, em minha cama e um lugar vazio ao meu lado. Vazio simplesmente porque não havia ninguém deitado e não porque ninguém queria deitar. Aí então, as coisas foram tomando forma e o sonho foi desaparecendo, o coração foi se acalmando, a agonia persistiu nos minutos seguintes e ainda prende a respiração ao lembrar das lágrimas escorridas no rosto.

Era apenas um sonho, onde situações dolorosas ruíram um mundo falso-imaginário. A realidade diante desta situação pareceu mais doce, mais viável. Ainda mais quando o alivio se comprovou, quando o som do telefone invadiu o quarto silencioso e o coração entendeu perfeitamente que tudo estava bem, tinha sido apenas um sonho e agora não fere mais.


Curitiba, 1º de julho de 2010. 16:01