quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A beleza do mudo.

Às vezes eu prefiro o silêncio. Prefiro escutar a chuva caindo no chão ou simplesmente escutar o nada. Tem outras vezes que o silêncio me incomoda e preciso urgentemente escutar alguma coisa que penetre minhas veias, o meu pulmão. Mas na maioria das vezes, eu prefiro o silêncio.

Gosto mais das vozes das pessoas que eu amo. Gosto mais da minha voz falando sozinha, discutindo sozinha. Gosto mais do som dos meus gatos miando. Gosto mais do som da vida, sabe? Vida. Não inventada através de hipnotizantes acordes e letras bonitas. O som da vida que só quem quer escuta.

Quando a saudade bate, gosto de ouvir algo agressivo como se estivesse rasgando a minha dor, a falta que fazem. Quando estou triste, primeiro prefiro o silêncio para chorar todo e qualquer tipo de sentimento, depois gosto de ouvir qualquer coisa calma que me faça pensar o quão ruim é a minha vida. Gosto de me dilacerar, até pegar no sono.

Já teve vezes que coloquei a música bem alto, apenas para não ouvirem meus soluços. Mas também já fiz questão de deixar a música inaudível, para virem me socorrer de qualquer suposta depressão.

Gosto de música na viagem. Gosto realmente do som das minhas músicas preferidas enquanto sobrevôo os Alpes ou qualquer lugar sensacional ou quando a estrada parece nunca ter fim. Adoro qualquer música empolgante quando olho pela janela e vejo nuvens e pequenas cidades de mentira acesas.

Sou viciada em sons, seja qual for. Às vezes preciso escutar uma voz falando comigo, apenas aquela voz, mas quando eu quero silêncio até o som de passos me incomoda. Quando eu acordo para ouvir música, preciso ficar o dia inteiro na cama, apenas imaginando como seriam as histórias daquelas letras.

Mas sempre, sempre, irei preferir as quase silenciosas de tão bonitas.

Curitiba, 9 de fevereiro de 2011. 01:13