terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Falta.

As gotas começavam a cair devagar do outro lado do vidro, como se não tivesse pressa de molhar a tal selva de pedras. A garota estava deitada na cama, olhando o teto, ou tentando olhar, enquanto suas lágrimas embaçavam toda a sua visão. Deitada ali, ela simplesmente pensava e repensava até que ponto tinha razão, se é que tinha alguma. Pensava se fazia sentido, se é que tinha algum. Pensava se valia à pena, se é que tinha de pensar.

Era distante sua vida ultimamente. Alguns quilômetros eram capazes de mudar muita coisa, havia descoberto. Era capaz de fazer o dia virar noite mais devagar e até mesmo de um silêncio, parecer conseguir fazer o resto do mundo se tornar mudo.

“Eu tenho medo de ficar sozinha. Ninguém se importa.”, falou para si mesma, jurando que alguém fosse capaz de responder. Mas era verdade, ninguém realmente se importava. Ela estava tão longe, mesmo estando perto, estava tão quieta na vida deles, que ela não fazia mais diferença praqueles que ficaram. Ela era apenas personagem de histórias passadas e não histórias presentes. Fazer falta? Todos fazem. Mas sentir a falta era diferente de simplesmente fazer.


São Paulo, 14 de fevereiro de 2012. 12:37

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Você.

São seus olhos. É o seu sorriso. A sua voz. A sua mão. O seu cheiro e a maneira como fuma o seu cigarro. Eu simplesmente me descarrego perto de ti. Não posso, eu sei. É feio, é terrível. Mas a gente tem essa mania de achar que quem amamos, também tem de nos amar, mesmo que a gente descarregue o mundo nela. Eu me descarrego de você, em você mesmo. Você continua sorrindo.

Seus dedos passando por cada canto meu. Sua boca beijando minha nuca. Sua voz, dizendo que me ama. Não posso mais sem você.

Você se direciona tão bem. Passado. Presente. Futuro. O nós, é agora. Você senta do meu lado e jura, de todo o coração, que a vida segue assim serena. Você sorri pra mim. Meu mundo desacelera. Eu deito na cama. Você deita do lado. Eu te olho. Você me olha. Seus olhos brilham. Meu mundo fica mais azul.

Eu sigo em frente e você me dá mapas, soluções para problemas, que na minha cabeça não existe solução. Você me guia. Você sorri. Eu te sigo. Sigo em paz. Sigo segura. Você segura a minha mão, que simplesmente faz desaparecer a minha mão pequena e gordinha. Você sorri. Você pergunta se sou feliz. Eu digo que sim.

São seus olhos, meu bem. Quando estou numa multidão desconhecida, basta encontrá-los e sei que estou em casa. Você sorri.


Curitiba, 4 de fevereiro de 2012. 00:11