segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Ainda era cedo.

- Respire, respire! – repetia para si mesma.

A menina andava de um lado para o outro, ao lado de um quiosque de informações. Seus olhos encaravam o chão, seus passos eram apressados e o nervosismo a fazia estralar os dedos, coisa que odiava fazer e julgava doloroso.

- Eu... Eu preciso embarcar. - o garoto apareceu dizendo, com a voz falhada.

Subitamente a menina parou, levantou a cabeça e começou a encarar o garoto. Seus olhos demonstravam um enorme desespero.

- Não, ainda é cedo! – ela exclamou, haviam lágrimas escorrendo com rapidez em seu rosto.
- Não há o que eu possa fazer... Sempre será cedo. – o garoto admitia olhos marejados de lágrimas – Merda! Como é difícil!

O garoto admirou a menina, com um sorriso um tanto vaciloso.

- Quando eu voltar vou querer você exatamente como é agora. – disse olhando a menina – queria poder congelar você.

A menina riu com as palavras. Suas ações foram tomadas pelo medo, a única coisa que conseguiu fazer foi tirar seu anel do dedo e pousá-lo na mão do menino.

- Para nunca se esquecer de mim. – sorriu com lágrimas.
- Jamais me esquecerei de você, minha bonequinha.

Com um impulso súbito, o garoto a abraçou muito forte, de uma maneira que nunca havia a abraçado. Logo o abraço fora interrompido pelo anúncio da última chamada para o embarque do voo dele.

- Preciso ir embora, amor. – encostando a testa na testa da menina.
- Não vá! Um ano é muito tempo sem você. – a voz dela fraqueijava e demonstrava medo.

O garoto sorriu falsamente e a abraçou novamente.

- Eu te amo. Muito. – dando um beijo na menina.
- Eu também te amo, sempre amarei.

Ele sorriu e se distanciou. Deu as costas para a menina, que estava totalmente imobilizada. Seguiu com passos rápidos para a porta da sala de embarque. Antes de entrar olhou para trás.

- Vou voltar para você, garota! Eu prometo!

A menina sorriu e ele retribui o sorriso. O garoto então correu até a menina, lhe deu um último beijo e sorriu, um sorriso tranquilo e sincero. Novamente deu as costas e se foi. A menina, que o observava com um olhar agoniado entrando na sala, abraçou o ursinho que tinha ganhado com o cheiro dele. Instantaneamente lágrimas saíram de seus olhos enquanto o via partir. Ela o viu simplesmente indo embora. A deixando com lembranças e saudades, a deixando sozinha. Fazendo-a esperar a incerteza de sua volta.