quarta-feira, 26 de maio de 2010

Sobre outono e saudades.

Saudade do outono inventado por palavras encantadas dos meus autores preferidos. Outono cinza, com folhas secas jogadas ao chão, um ar frio correndo por todas as direções, levantando vestidos e afugentando cães. Roubando chapéus e destruindo rosas. Outonos perfumados por cappuccinos e bolos recém-assados. Saudades das palavras sólidas e quase amargas sobre o outono. Vontade de rever, mesmo que em pensamento, a estação de recomeço. Rever aquela rua perto do rio e do parque, coberta de folhas que pelas quais pisei com tanta vontade, apenas para ouvir o quase imperceptível som do “clack”. Caminhar entre aquelas ruas marrons, afogadas por prédios antigos e sentir no rosto um vento gélido, porém reconfortante. Saudade de respirar outono, enquanto deixava a lareira sutilmente queimar a madeira e fingia não ver o tempo passar ao ler um livro que me levava diretamente para casa. Saudade do outono descrito através das palavras dos sábios, apaixonados pelas folhas secas, ventos gélidos e cafés no final da tarde.


Curitiba, 26 de março de 2010. 21:43

domingo, 23 de maio de 2010

Algumas brigas, claro.

Às vezes deduzo que é um tipo de regra, existir entre casais essas brigas desinteressadas e dolorosas. Onde nunca ninguém ganha e provavelmente, sempre os dois perdem.

Acontece que é provocante a tentação de poder duelar com o seu amante. Poder discutir coisas inúteis dentro de contextos sem nexo, apenas para ver quem se cala primeiro. Afinal, em horas assim, se calar é divino.

O silêncio, é sábio. Assim que você se irrita o bastante a ponto de se calar, você escolhe não falar bobagens. Essas palavras ditas da boca pra fora, que mais machucam. Palavras nada sinceras, que a boca apenas cuspiu porque o cérebro mandou sinais de “agora eu preciso ganhar”.

Brigas são necessárias até mesmo quando nascem de uma estupidez, como tortas e bolos ou o sono de esperar dentro do carro. Brigas são apenas brigas, palavras infelizes que ousaram sair dos pensamentos, com uma nítida intenção de apenas ferir, no caso de casais, ambos.

Porém, penso que amar seja isso. Seja a capacidade de se calar depois de uma discussão, haver olhos inchados querendo escorrer e mil pensamentos fervorosos. Mas de repente, querer apenas dar um abraço forte e dizer “eu te amo”.

Brigas, afinal, é amor. É sinal de que se importa. “Algumas brigas claro, mas isso é tão normal quando se quer alguém, como eu quis você”, diria o Hateen. E sigo com esse pensamento, é natural e saudável brigar. Faz bem duelar durante alguns minutos, com quem você mais ama.

E vai ser assim, brigando aqui e ali, tendo raiva por segundos e depois amando dez vezes mais. Querendo calar para não falar bobagens, pois o medo de perder a pessoa amada é bem maior que o medo de perder a briga.

- Qualquer dia te faço tortas e durmo no carro te esperando. Você até mesmo pode falar alguma bobagem ruim.


Curitiba, 23 de maio de 2010. 23:10

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Sem título.

Sem antes pensar, lá vem ele outra vez, pegar na mão da menina cujo os olhos brilham só para ele. O mundo dela então balançava, como se fosse numa suave brisa, como se o mundo jamais fosse acabar. Era uma porção de amor, de calma. Um pedaço dela era ele e vice-versa. Criação de sonhos, ou seja lá o que fossem, davam motivos a mais para o dia-a-dia se tornar menos doloroso. Pois doer dói, qualquer hora, qualquer dia, disso a menina jamais duvidaria. Doeria na saudade, nas discussões, na ausência de vontade de continuar. Mas amaria sempre um pouco mais, deixando valer a pena aquele brilho nos olhos. Deixaria ser pra sempre o tal amor.

Curitiba, 10 de março de 2010. 22:43