Estraguei tudo. De novo. Lá fui eu, desfilar com portas batidas e gritos
exagerados, um coração pesado como o meu. Ensanguentei minhas mãos com sangue de
quem não deve. Fiz chorar esperanças e armei decepções. Pincelei de preto um
amor vermelho e esburaquei uma paixão bonita. Lá fui eu, acidar a vida um pouco
mais. Só porque estava tudo colorido. Tudo em paz. Amarrei o nó e travei
guerra. Perdi a batalha e ateei fogo em nós. Despedacei.
Inicia o tempo das decepções. O momento da vida, onde eu
corro contra o relógio. Onde se vai dormir sem boa noite e as noites tão frias
quanto gelo. Inicia-se o período em que eu tento me desculpar e tapar os
buracos que meus erros fazem. Não quero te calar, mas mesmo assim você se cala.
Meu grito não te ensurdece, só te desmonta. Aos poucos vai me abandonando, como
outros fizeram. Porque de novo. Sim, de novo. Eu estraguei tudo.
Dublin, 21 de julho de 2015. 17:41