sábado, 27 de julho de 2013

Quando se vai.



Me pego estirada no que poderia chamar de minha própria vida, sou o que me deixam ser. Sou o que posso ser pra cada um. E assim a vida vai deixando a largada sutilmente, sem que antes possamos nos permitir de sorrir mais uma vez, de comer mais um doce ou pedir mais uma cerveja. Começamos apenas a ir, sempre vamos.

De repente você se despeja em um campo aberto, olhando pras estrelas, implorando pra que tudo se concerte. Ou então, de repente, a vida te consome tanto que você não tem mais tempo para pensar no depois, pois esta vivendo demais o agora. E assim as coisas seguem. Deixamos de ser o amanhã, o hoje, o ontem. Deixamos de ser constantemente o que não nos agrada, o que nos machuca. Seguimos para um precipício, um pulo de emergência para qualquer lugar – qualquer mesmo.

Talvez sejamos almas, talvez sejamos energia, talvez simplesmente sejamos algo, sem segredos. Talvez doamos um pouco demais e tememos o que não precisasse ser temido. Seguimos sutilmente para o que não conhecemos e tememos em descobrir. Talvez seja melhor apenas ser e crer que tudo não irá acabar, que quando fecharmos os olhos algo ainda exista.

Caminhamos pr’um armário escuro, pode ser que exista bicho-papão e casacos esquecidos. Pode ser também que simplesmente seja só tudo escuro. Pode até ser que não doa.


Curitiba, 27 de julho de 2013. 00:26