Me pego estirada no que poderia chamar de minha própria
vida, sou o que me deixam ser. Sou o que posso ser pra cada um. E assim a vida
vai deixando a largada sutilmente, sem que antes possamos nos permitir de
sorrir mais uma vez, de comer mais um doce ou pedir mais uma cerveja. Começamos
apenas a ir, sempre vamos.
De repente você se despeja em um campo aberto, olhando pras
estrelas, implorando pra que tudo se concerte. Ou então, de repente, a vida te
consome tanto que você não tem mais tempo para pensar no depois, pois esta
vivendo demais o agora. E assim as coisas seguem. Deixamos de ser o amanhã, o
hoje, o ontem. Deixamos de ser constantemente o que não nos agrada, o que nos
machuca. Seguimos para um precipício, um pulo de emergência para qualquer lugar
– qualquer mesmo.
Talvez sejamos almas, talvez sejamos energia, talvez
simplesmente sejamos algo, sem segredos. Talvez doamos um pouco demais e
tememos o que não precisasse ser temido. Seguimos sutilmente para o que não
conhecemos e tememos em descobrir. Talvez seja melhor apenas ser e crer que
tudo não irá acabar, que quando fecharmos os olhos algo ainda exista.
Caminhamos pr’um armário escuro, pode ser que exista
bicho-papão e casacos esquecidos. Pode ser também que simplesmente seja só tudo
escuro. Pode até ser que não doa.
Curitiba, 27 de julho de 2013. 00:26