domingo, 26 de abril de 2009

Sentimentos difíceis de se escrever.

As palavras não saem com facilidade, não com a tal que eu tanto gostaria. Talvez pelo assunto, ou o cansaço demasiadamente grande que abriga meus olhos, porém lá no fundo creio e admito que seja a dificuldade. Dificuldade de fazer gritar pra fora o que tanto grita para mim mesma, em palavras e sentimentos que não consigo distinguir.

Eu cresci, amadureci. Subi degraus onde ninguém me seguiu, talvez por falta de audácia ou falta de oportunidade, pois ainda precisava vivenciar um pouco de tudo aquilo. Um aquilo que deixei para trás já faz uns três anos, mas quando existiu foi a melhor época. Pude comprovar hoje, assim só observando de longe que meu tempo já deu. E sim, quando eu pude aproveitar tudo ano passado, simplesmente dei um tempo. Um tempo que creio seja que pra sempre. Mesmo quando o pra sempre não existe.

Ainda há afinidade, há lembranças que parecem falar mais alto que as cicatrizes, os machucados. Há uma vontade louca de agarrar, falar que quero voltar. Mas são lembranças que estão voltando, não o passado. É uma maneira de dizer que valeu a pena, uma maneira receosa de me dar conta que eu sentia falta, coisa que nunca admiti. Sentia falta de cada pessoa, de cada bagunça. Mas é fato, já não é a mesma coisa.

Hoje prefiro observar de longe, não vejo necessidade de comparecer a todos os encontros, não vejo necessidade de voltar a ser quem retirava todos de suas casas para sair. Prefiro ver de vez em quando, fazer parte de vez em quando, estar ali de vez em quando. Ser um deles de vez em quando. A saudade aperta, nossa como dói quando aperta. Mas acho que já deu, já era para dar e o tempo se esgotou muito facilmente.

Deixamos todo o tempo escorrer por nossas mãos, deixar lugar a novas fazes e talvez até deixar lugar a novas pessoas. O tempo passou por entre as nossas pernas, brincou com o jeito como encaramos a vida, brincou com a ilusão de ainda existir muito tempo. Esquecemos de aproveitar todo minuto e infelizmente tudo aquilo já passou.

Mas hoje eu admito, ao olhar tão longe, que foi bom voltar. Foi bom conversar, escutar um pouco as vozes que estavam caladas para mim durante alguns meses. Ter um pouco da distancia removida, um pouco da tensão quebrada. O tempo longe daquele mundo se tornou indeterminado, talvez então eu o goste mais assim. O lugar que tanto me machucou, que tanto me quebrou pode enfim fazer parte de mim, mas um pouco mais ausente.

Apenas sei que mesmo sem querer, mesmo contra minha vontade foi bom voltar depois de tanto tempo. Matar saudades que eu nem sabia que existia. Ter um pouco de volta, o que talvez eu nunca tive, mas mesmo assim fazia falta. Um pouco do passado voltou, apenas isso.


- Não é o que já fiz que me define, mas sim o que eu faço. O que eu sou é diferente do que eu já fui. Aprendi isso, melhor lição de todo esse mundo.

sábado, 18 de abril de 2009

A noite solitária me fez escrever.

Essa distancia tão incomodante esta me fazendo mal esta noite, a todo custo queria estar aí me divertindo. Queria poder fazer dessa solitária madrugada uma festa de risadas e conversas. Não estou gostando de estar por aqui, o quarto esta tão grande e imersa na escuridão me pego pensando que poderia estar bem melhor agora. Há lágrimas aqui que você poderia secar, pois são de saudades. Saudades das conversas, das risadas. Saudades das coisas que apenas nós entendemos.

O destino já foi simpático o bastante ao ter te colocado em minha vida, ter feito o que há muito eu não conseguia: encontrar uma nova verdadeira amiga. Mas me dói o fato de estarmos tão longe, me dói o fato de não poder me deitar todos os dias no breu do quarto e conversar durante mais um tempo indefinido contigo. Ter aquelas conversas bobas que parece que apenas nós sabemos ter.

Está doendo essa saudade que não sei matar, está doendo a falta da sua voz e a falta das nossas conversas. Está doendo a falta que você está fazendo. Não sei direito, mas agora me sinto sozinha, parece que não há ninguém, mesmo sabendo que tem. Havia tempo que não me surpreendiam tanto, que não me faziam ter essa amizade, longe da área de conforto que eu tanto permaneci. Mas agora está assim, estou pronta pra ir ver um filme que irá me fazer rir um monte, mas não tem você pra rir comigo!

Assim que amanhã o sol nascer talvez eu ainda esteja acordada, mas afundada em minhas próprias teorias, meus próprios pensamentos e sonhos. Afundada em minhas próprias risadas e lágrimas, sem ter você aqui do lado pra poder compartilhar comigo seja lá o que for. Eu já sabia, quando o ônibus parou aqui em Curitiba, quando eu desci para pegar a minha mala eu já tive vontade de voltar.

Todo momento fico lembrando das risadas de sexta-feira e da cerveja que nunca era a última, do silêncio momentâneo e daí “Jaque, não tô me sentindo bem”, aí lá foi a gente no banheiro e enquanto eu tentava vomitar, você dançava com o Marrom no banheiro feminino. Mesmo quando de repente cada uma esta num canto da casa, meio chorando e meio chateada, aí de repente estamos juntas sentadas na cama conversando sobre tudo, de certo modo até se sentindo melhor.

Você está fazendo muita falta mesmo. Não sei, é como uma irmã, sabe? A maneira como posso confiar, como posso contar. A maneira como resolvemos tudo de um jeito ou de outro, e como sempre estamos em constante freqüência e sintonia para enfrentar o que tiver pela frente.

As férias de julho estão chegando, assim como a minha partida também. Não há um dia, desde que eu te conheci que eu não pense em como sentirei a sua falta. Sei que essas férias serão as melhores possíveis, da maneira mais perfeita. E depois serão longos 10 meses com um oceano de distancia, mas de distancia já entendemos. Porém, tenho a certeza que quando eu voltar tudo estará da melhor maneira possível. Enfim poderemos morar na mesma cidade, com apartamentos vizinhos. Nossos garotos que agüentem com a bagunça que faremos.

Nem sei por que estou escrevendo, talvez seja porque vi suas fotos novas no orkut e me dei conta de como você está linda. Pode ser também que tenha lido um novo depoimento no mesmo e li que o garoto que o escreveu tirou as palavras da minha boca. Talvez eu tenha simplesmente escrito por saudades, que mesmo eu tendo te dado tchau na segunda-feira a saudade já cresce no primeiro minuto, ao saber que assim que eu subo no ônibus a nossa nova bagunça será dali a algumas semanas apenas.

Acho que na verdade a solidão bateu, a casa esta vazia e as batatas sorrisos estão tristes. O “borboleta” não tem tanta graça quando fica apenas na memória e o “December Boys” não é tão bonita. A “Apenas mais uma de amor” vira uma música qualquer do Nx Zero e tudo da saudade. Nessas horas começo a imaginar as conversas que teríamos se você estivesse aqui, quais músicas escutaríamos e sobre quais planos planejaríamos. Queria ter você aqui pra amanhã ir à farmácia comigo comprar uma tinta ruiva e mesmo sem coragem, mas com uma vontade louca, iríamos pintar meu cabelo e sujar meu banheiro inteiro com a tinta - até vendo a bagunça né. E talvez eu só quisesse poder falar “vamos ver Um Amor Para Recordar ou Antes que Termine o Dia?” e em lágrimas terminaríamos vendo o filme, pois somos duas choronas.

São 400 quilômetros de distancia, mas quando a solidão se aconchega, a saudade bate, parece a mesma distancia que daqui até a lua. Mas, acredito estar escrevendo, pois queria dizer pra você que a nossa amizade tem sido absurdamente importante e essencial pra mim. Eu nem me lembro de como era minha vida sem você, nem quero lembrar. Gosto dos segredos, das risadas, das histórias, das cervejas e das músicas, gosto de tudo isso.

Assim, em tão pouco tempo você se tornou uma amiga incomparável, insubstituível. Talvez por já termos nos despedido de garotos que hoje moram fora do país, talvez por você estar com o mesmo até hoje e ele morar em Londres e eu estar com um que mora aí em Londrina – observe a semelhança nos nomes das cidades – ou talvez então pelas outras milhares de semelhanças, sejam as histórias parecidas sobre garotos, a cor dos olhos e dos cabelos ou o fato de sempre “nunca ri tanto na minha vida”. Pode até ser pelo fato de eu estar indecisa de se pinto o cabelo ou não e você ter começado a deixar seu cabelo na cor natural, pode ser pelo fato da “borboleta” ou do cd do carro que sempre era o mesmo. Mas é insubstituível.

Hoje só posso agradecer por um dia eu ter te conhecido. Acho que já era pra ser assim, um pouco de ironia do destino, eu ter encontrado tão de repente, entre planos fracassados, uma amiga tão importante assim.

- Mas não chora, porque te ver chorar me faz chorar também.


Curitiba, madrugada de 18 de abril de 2009.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Tão longe e tão mais perto.

Longe das risadas, longe das histórias, longe dos momentos, longe das lágrimas, longe das situações embaraçosas, longe da segunda casa, longe deles. Para onde devo ir quando meu ônibus chega na cidade natal? O que se faz com as saudades que tão indiscretamente carregam toda a leveza do meu coração? Como se faz para continuar vivendo sem se importar com o mundo em volta? Onde fica tão facilmente a vontade de já voltar?

Sigo caminhando, sigo vivendo, mas não posso evitar o desejo de estar em outro lugar, novamente junto daquelas histórias. A vontade de ter tudo a cada segundo, de não precisar ter de se preocupar com o adeus que parece adorar vir. Não precisar olhar o teto todas as noites antes de dormir, pois não tem com quem conversar, não precisar ter de se contentar com conversas internauticas, pois quando começar anoitecer pode ser dito seja lá o que queira pessoalmente. E todo o tempo se torna a seu favor, sem precisar pedir para não passar tão depressa.

Perde a graça voltar pra casa, perde a graça não ter as mesmas saídas, perde a graça não ter as mesmas brincadeiras, perde a graça não ter os mesmos motivos para se sentir tão bem, perde a graça não estar tão perto. Perde a graça morar longe, perde a graça ter de sentir saudades.

Durante muito tempo sempre foram as mesmas histórias, as mesmas pessoas, os mesmos lugares. Mas quando você menos vê você já cresceu, você já cansou de toda aquela mesmice. Começa a ver que ter poucos e bons amigos é muito melhor do que ter um punhado de falsos, começa a crescer e se tornar diferente, se sentir diferente.

O que mais incomoda é se acostumar. Se acostumar com os velhos amigos, se acostumar com os mesmos velhos lugares, se acostumar com os mesmos velhos romances, se acostumar com os mesmos velhos momentos. E apesar da distancia de alguns notáveis quilômetros, é tudo absolutamente novo, mesmo quando é igual se torna novo, porque sempre é. Pode ser os mesmos lugares e às vezes até as mesmas risadas, mas são os mesmos de uma parte de você diferente, mudada, crescida. Nova.

Eles tiveram o dom de me acolher, o dom de me fazer sorrir. Eles tiveram o dom de me fazer devolver a mim mesma o brilho de meus olhos. As salas aqui tão vazias e frias, lá são agitadas e cheio de gente. São sorrisos que apenas eles e eu entendemos, bagunças e gargalhadas. É apenas lá que a última cerveja anunciada, nunca é de fato a última.

Mesmo que as saudades me façam hesitar ao falar que vale a pena, é inevitável deixar a espontaneidade anunciar que não só vale a pena, como vale muito a pena. Se lá as lágrimas também existem, parece que duram menos, doem menos. É mais fácil secar o rosto molhado, esquentar o coração gelado, num lugar onde é mais fácil sorrir e se sentir bem.

Não existe essa idéia de lá ser melhor e aqui pior, é apenas diferente. Bem diferente, como se lá eu visse uma plaquinha de “que bom que você está aqui”, todas às vezes que eu os vejo e aqui só vejo a tal plaquinha de vez em quando, raras vezes. São outros momentos.

Como me afirmaram, eles me conhecem como eu realmente sou, pois eles mais me escutam do que me vêem, eles mais me ouvem do que me assistem, eles conhecem a versão de mim mesma, por eu mesma, sem terceiros falando como acha que eu sou. Eles conhecem minhas falas, minhas reações, minhas gargalhadas. Eles conhecem melhor as minhas lágrimas. Eles conhecem a melhor versão de mim, a versão que eu só sei demonstrar lá.

Mas eu sei, eu tenho o meu melhor de dois mundos.


Curitiba, 14 de abril de 2009. 19:59 pm