sexta-feira, 6 de julho de 2018

Do adeus que não te dei, amor.

Que caminhos tortuosos a vida nos leva, não é mesmo? Se voltarmos 12 anos atrás, hoje era uma tarde de inverno. Não sei bem se era dia de semana, sábado ou domingo. Não sei bem se estou numa tarde ensolarada ou nublada. Fria, de qualquer maneira. Não sei bem se eu ouvia a tua voz ao vivo, telefone ou se nos falávamos com o falecido meio de comunicação da época - o MSN. Não sei bem se estava para te encontrar ou se estávamos juntos, sentados naquela praça tão movimentada de adolescentes, tão cheia de lembranças. Mas sei de algo com certeza: 12 anos atrás você ainda existia.

12 anos atrás você preenchia todo o meu coração inocente. Eu era para ti. Você era o garoto mais velho que apareceu naquele show de hardcore. Ainda não tenho certeza o que eu fazia lá, afinal até então, tão pouco eu sabia desse mundo. Mas naquele dia em que você sentou ao meu lado, tudo mudou. 

Mudou no dia seguinte, na semana seguinte. Mudou a vida inteira. Você era o meu amor maior e eu, aquela eu de 14 anos, não parava de me perguntar o que eu seria sem você.

Você chegou mostrando um mundo novo, colocou cores, gostos e músicas. Virou o mundo de cabeça para baixo. Você desconstruiu tudo e aí construiu de novo e eu, bem, eu só tinha 14 anos. Você chegou em disparada, rápido como um raio, devorou memórias e gostos, esgotou a energia e aí sutilmente disse que iria embora. Embora para longe, tão longe que meus braços seriam curtos e eu não te alcançaria. 

Prometi pra mim mesma que não iria gostar de ti. Mas, afinal, como se evita o amor, não é mesmo?

De repente, assim mesmo, você era tudo. Eu só conseguia pensar; "mas e agora?". Eu era tão nova. O que era exatamente tudo aquilo que vivíamos? Eu gostava tanto de você, que te perder doía. Como eu poderia? Já tínhamos tantos planos. Você indo embora destruíria todo o futuro que eu incansavelmente criava para nós dois - mesmo que, mais tarde, eu descobrisse que nunca daria certo. Mas ainda sim, construíamos na nossa imaginação, com afinco, todo aquele futuro lindo que nos esperava.

Você foi meu primeiro amor, garoto. Primeiro amor a gente nunca esquece. Primeiro amor a gente leva pra vida inteira e guarda com carinho, num dos lugares mais bonitos do coração.

Você, naquela manhã fria do começo de julho de 2006, foi embora e eu nunca poderia imaginar tudo o que eu viveria depois da tua partida. Nunca teria imaginado o quanto você reapareceria na minha vida, aqui e lá. 

Quantas vezes senti frio na barriga por causa de ti. 

Os anos então se passaram e tudo mudou. Mudou tanto que você, um dia desses, se foi para sempre. 

Mas o tempo não parou nem por um segundo. A vida continuou, assim como foi há 12 anos atrás. A diferença é que dessa vez você não tem como voltar.

Os anos irão passar, assim como já se passaram antes. 

Mas o cheiro do teu perfume... Bem, esse continuará cravado em mim.


Dublin, 26 de Junho de 2018. 13:01.

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