domingo, 7 de dezembro de 2014

Há tanto tempo que eu não te vejo.


Espero que você não se importe, se quando eu te ver, eu perca as falas e meu coração palpite num eterno princípio de taquicardia. Não sei nem se vou sorrir - possivelmente não - mas calma, não por não querer, mas por não saber como fazer isso. Eu não sei, simplesmente. Será que os meus braços serão suficientemente grandes para te abraçar? Será que serão grandes o bastante para apagar essa saudade - mesmo que de ponta pequena - que existiu entre nós todos esses anos? O que fazemos - ou melhor, faremos - com o tempo que nos for permitido, para conversarmos sobre a vida que se passou ao longo desses 8 anos? 

Há tanto tempo anseio te encontrar perdido pelas ruas dessa cidade, com ar confuso e olhos de; "andei procurando por você". Nem sei como você está, se anda vivendo, sobrevivendo, amando, lutando. Como vai o teu inglês? Com que tamanho de saudades você convive todos os dias? Você vai partir de novo? Deixou de ser seu lar toda essa cidade verde? O que você viveu? Temos tanto o que conversar, quero saber de tudo, me conte qualquer coisa sobre você, pois eu já não sei mais.

Éramos tão jovens. Tínhamos planos doidos, impossíveis de se concretizar e minha saudade de ti já ardia antes mesmo de você ir embora. Aí você foi. E se tem algo que eu me lembre bem, é daquele dia no aeroporto, quando você teve que partir para - de fato - nunca mais voltar. Pois afinal, mesmo agora você não volta. Você nunca mais vai voltar e eu nem pediria isso. Tudo é tão diferente, eu não sei se você é o mesmo que um dia eu conheci e deixei partir. Afinal, com tão pouco, eu nunca poderia te fazer ficar.

Agora estou me perguntando e tenho quase convicção ao dizer que, embora o amor que sentia fosse juvenil, você foi a primeira história de amor mais bonita que eu poderia ter. Sonhei e chorei tantas vezes por você. Eu com meus poucos 14 anos de idade, tinha tanta certeza de que sem você era tão difícil. Mas o que eu não sabia, é que difícil era viver o que vinha depois de você. Que você sem nem saber, foi o começo de uma adolescência maravilhosa e recheada de momentos que, tenho certeza, poucas pessoas viveram. Você começou a colorir o meu mundo e iniciou uma aventura que até hoje eu vivo.

Nas minhas gavetas da mesa eu já perdi a conta de quantas dores eu guardei. Deixei ali textos que escrevi sobre ti e fotos que por acaso eu ainda tenho, alguns bilhetes. Deixei ali toda aquela vida instantânea que vivemos por tão pouco tempo. Conversei com estrelas procurando soluções para te esquecer. Deixei você enfurecido, assim como você também me deixou. Tinha tanto de ti em mim, que eu jurava transbordar e - bem, talvez transbordasse. Eu ia pra lá e pra cá no quarto, não dormia, sentia a tua falta. Jurava tanto que eu nunca iria te esquecer, que aí de repente você foi virando tinta desbotada no meu coração. Até que um dia eu não te senti mais, você havia virado uma lembrança bonita, da primeira história que posso chamar de romance.

É difícil dizer o que você significou para mim, tanto é que nunca mais ousei pensar em ti como um exemplo de desilusão - eu era tão nova! Nem consigo dizer o tanto que vivi depois que você se foi. Mas ainda lembro perfeitamente de ti - pelo menos daquele que deixei subir no avião 8 anos atrás. Lembro do seu olhar e do seu sorriso. Lembro perfeitamente dos seus abraços. Lembro das risadas que demos juntos e de tudo o que aprontamos.

Então por isso, garoto, por favor não ligue se eu não souber o que fazer quando eu te ver. Pois acho curioso como nós simplesmente não esquecemos algumas pessoas. Por isso, não ligue se meu sorriso não se abrir e se meus braços não forem fortes o bastante para um abraço.

Mas saiba que depois de ti, não teve uma única vez que fui ao aeroporto e não lembrei da vez que ali, meu lugar preferido, "te roubou" de mim.



Curitiba, 7 de dezembro de 2014. 00:17

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