quinta-feira, 1 de julho de 2010

Realidade não-real.

“Eu tive um sonho ruim e acordei chorando”, talvez cantasse Cazuza para mim, se me visse acordando com os olhos lacrimejados esta manhã. Sonhei com aquele desespero de perder, não para o nada, mas para outra pessoa. Minha respiração estava trancada, desesperada, meus olhos encharcados de lágrimas e meu coração palpitava freneticamente, como se o mundo estivesse ruindo, se perdendo.

Chego a conclusão que odeio sonhos que parecem reais, que demoram para serem “apenas sonhos” quando acordamos. Às vezes, afinal, sonhos podem machucar mais do que a realidade, pois acordamos desnorteados, assustados. Achando que tudo aquilo que sonhamos e não tivemos o mínimo de controle para acontecer, era real. Aquele real cru, daquela realidade nua e crua que tanto sabemos odiar.

Esta manhã quando abri meus olhos, eles estavam marejados por uma maré de lágrimas, meu coração apertado por uma dor irreal, uma dor de perda falsa. Porém, tal falsidade era tão perfeita que parecia verdadeira, doía até mesmo perceber que era mentira. E demorou, demorou muito tempo para eu descobrir que era o sonho e que a perda não ocorreu, que a briga não aconteceu e que meus gritos arranhados, eram simplesmente confrontos silenciosos na minha cabeça.

No entanto, logo veio o alivio. Me situei em meu quarto, em minha cama e um lugar vazio ao meu lado. Vazio simplesmente porque não havia ninguém deitado e não porque ninguém queria deitar. Aí então, as coisas foram tomando forma e o sonho foi desaparecendo, o coração foi se acalmando, a agonia persistiu nos minutos seguintes e ainda prende a respiração ao lembrar das lágrimas escorridas no rosto.

Era apenas um sonho, onde situações dolorosas ruíram um mundo falso-imaginário. A realidade diante desta situação pareceu mais doce, mais viável. Ainda mais quando o alivio se comprovou, quando o som do telefone invadiu o quarto silencioso e o coração entendeu perfeitamente que tudo estava bem, tinha sido apenas um sonho e agora não fere mais.


Curitiba, 1º de julho de 2010. 16:01

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