terça-feira, 16 de setembro de 2014

Do que é o amor.



Não tenho receio desses talvez cheios de certezas que desfilamos por aí. Pode abrir o peito e falar com sinceridade, pode deixar que eu aguento o grito. Pode sentar e desabafar, pode chorar. Eu não vou me impressionar com a receita de churros ou com o carro conversível  - posso até achar realmente legal, mas me impressiono mais com o sorriso, com o convite no meio da noite para um brownie, pois de repente deu vontade e o filme tá chato. Com a mensagem mais sutil dizendo: “você já dormiu, né xarope?”. É já, já dormi. Mas pode deixar que eu acordo, pois vale. 

E sabe o que mais? Acordo com um sorriso se veio só “porque sim”, porque foi bom, porque estamos bem. Estou de corpo e alma e quando quero, eu quero. Mas você que não me doa o coração, pois aí já não é justo, sabe? Não é justo doer algo que não é teu. É assim mesmo que a doçura dos dias nos escorrega por entre a vida, nos pequenos “sim, sim, eu quero”. Se quer vem, que se a gente gosta qualquer hora é hora e qualquer cama de solteiro vira king size. Não te preocupa se vier molhado da chuva, pois do chuveiro sai água quente e sim, podemos nos molhar juntos. Pode trazer comida, cerveja, doce, filme. Pode trazer até mesmo cigarros e histórias, não importa. Mas traga teu corpo, pois o encaixe no final de um dia cansativo é o melhor encaixe.

Sabe, faz do meu perfume o teu preferido e da minha porta teu aconchego. Que tá tudo bem se o ônibus atrasou ou o metrô das 18 horas é cheio demais. Tudo bem que a cerveja com os amigos foi até mais tarde, pode vir, mesmo que seja pra dormir apenas. Antes a tua companhia apenas pra dormir, do que esse apartamento vazio. Eu gosto de dançar com a minha própria sombra, mas se tiver o teu corpo pra me guiar na dança, é melhor ainda. Tá tocando Elvis, mas a gente pode dançar Clapton se tu quiseres. Pode ser até Novos Baianos, porque não? 

O que quis te explicar é que tá tudo bem se o mundo desaba, se as coisas já não vão tão bem e se o que fomos há três anos atrás já foi mais fácil. É que sabe, dizem que amor é assim mesmo, às vezes dói, às vezes você desiste e aí você vê a pessoa e pronto, desistir do que mesmo? Comigo é assim pelo menos. É que amor tem que ter cuidado, tem que polir, tem que ter carinho. Às vezes ele te prega peças, mas aí a gente revida e prega peças no amor também. O que não vale é dizer que vir aqui em casa só pra dormir não te convém, que aí quer dizer que o amor tá ficando murcho e nada do que murcha vive muito mais. Sabe, tem que querer, entende? Tem que sentir que mesmo quando a cerveja com os amigos tá incrível, tá faltando uma companhia ali e que essa companhia faz toda a diferença. Amor é assim mesmo, tem que ter espaço pra respirar, tem que saber separar, tem que saber juntar.

Amor é continuar tendo tudo o que se tem quando se é sozinho, com a diferença que teu coração bate forte quando chega o momento do encontro, quando o melhor sorriso do mundo se abre pra ti. Amor é assim mesmo, mesmo confuso o essencial é não deixar morrer, sabe. Amor quando morre é morte pra quem continua a sentir. Amor é bonito demais, assim como as flores na primavera e claro, às vezes fica meio cinza, perde flores e folhas, mas tá ali ó, tá vendo o Ipê amarelo? Então, amor é tipo ele: vivo.




Curitiba, 16 de setembro de 2014. 00:41

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