sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O cá do lá, o medo de ir.

Mas o relógio não se esquece de parar, o tempo não se esquece de passar. Os dias não se esquecem de se tornarem noites e a cada dia mais é um dia a menos. A saudade está doendo, está ardendo desde já. E o medo, o que se faz com o medo? Onde o guarda, afinal? Onde escondo esse rosto assustado, esses olhos inchados de tantas lágrimas.

Eu quero partir, mas não quero ir embora. O que estarei deixando para trás? O que estaremos deixando para trás? E as pessoas, quantas vão lembrar, quantas irão se esquecer? Quantas vão deixar de lado tudo, o nós? Somos, éramos. Sempre éramos nós. O sempre gosta de acabar. Sempre gostou.

Desfechos se montam em minha cabeça e dói absurdo. Dói em lugares que eu nem sabia que poderia doer. Dói a solidão. Dói a gente. Dói o que não passamos, o que nos esquecemos de passar. O que nos esquecemos de deixar para trás ou o que não conseguimos deixar. Vocês. Não sei deixar para trás, não consigo.

Queria sobreviver inteiramente a tantos terremotos e furacões. Mas minha cabeça está curva, cansada. Minha cabeça está dolorida. Eu não sei ceder a solidão, não sei esquecer assim e seguir tão calada. Não sei deixar o medo para trás. Já tenho sentido falta das vozes, dos cheiros. Tenho sentido falta de lá, de cá. Da gente.

- Três dias e uma saudade apertada. Dolorosa e gostosa segunda-feira está para chegar.


Curitiba, 28 de agosto de 2009. 00:34.

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