sábado, 14 de janeiro de 2012

Pequenos despejos de raiva.

Eu não vou. Mas também não fico. Eu rastejo nessas horas que também rastejam e corro, nas horas que também correm. Eu me esqueço dos dias, quando é para esquecer e me enfureço quando é para me enfurecer. Eu tenho lágrimas escorridas e secas nas minhas bochechas e meus soluços estão quase cessando. Eu, assim, comigo mesma, estou quase cessando.

Cessando de sentir saudade de quem não sente. De procurar quem não procura. De marcar no calendário os dias que faltam, quando a pessoa que chega não marcou no calendário dela. Quero esquecer o horário, pois todos têm esquecido. E ficar sozinha, pois todos tem ficado. Quero correr, pois todos caminham devagar e essa lentidão já me deu sonolência.

Eu vou. Mas também fico. Eu me descontrolo com essas vontades que ninguém vai matar. Eu arrumo as malas e torço, em silêncio, que a porta se abra e alguém grite “mas vou sentir tanta saudade”. Eu me acomodo nesse comodismo, mas também odeio essa vida acomodada. Essa vida de ficar mais uns dias, de ficar por alguém. O alguém não fica por você.

Eu, não fico por mais ninguém. As pessoas partem, mudam, esquecem. As pessoas são engolidas pelas próprias vidas e poucos são os que restam para te segurar a mão. Eu fico, eu vou, eu me perco, eu me acho. Eu caminho. Você caminha. Eu recolho de lugares esquecidos essas memórias jogadas ao chão de propósito. Eu não me esqueço. Mas também não me lembro.


Curitiba, 14 de janeiro de 2012. 00:08

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