domingo, 23 de maio de 2010

Algumas brigas, claro.

Às vezes deduzo que é um tipo de regra, existir entre casais essas brigas desinteressadas e dolorosas. Onde nunca ninguém ganha e provavelmente, sempre os dois perdem.

Acontece que é provocante a tentação de poder duelar com o seu amante. Poder discutir coisas inúteis dentro de contextos sem nexo, apenas para ver quem se cala primeiro. Afinal, em horas assim, se calar é divino.

O silêncio, é sábio. Assim que você se irrita o bastante a ponto de se calar, você escolhe não falar bobagens. Essas palavras ditas da boca pra fora, que mais machucam. Palavras nada sinceras, que a boca apenas cuspiu porque o cérebro mandou sinais de “agora eu preciso ganhar”.

Brigas são necessárias até mesmo quando nascem de uma estupidez, como tortas e bolos ou o sono de esperar dentro do carro. Brigas são apenas brigas, palavras infelizes que ousaram sair dos pensamentos, com uma nítida intenção de apenas ferir, no caso de casais, ambos.

Porém, penso que amar seja isso. Seja a capacidade de se calar depois de uma discussão, haver olhos inchados querendo escorrer e mil pensamentos fervorosos. Mas de repente, querer apenas dar um abraço forte e dizer “eu te amo”.

Brigas, afinal, é amor. É sinal de que se importa. “Algumas brigas claro, mas isso é tão normal quando se quer alguém, como eu quis você”, diria o Hateen. E sigo com esse pensamento, é natural e saudável brigar. Faz bem duelar durante alguns minutos, com quem você mais ama.

E vai ser assim, brigando aqui e ali, tendo raiva por segundos e depois amando dez vezes mais. Querendo calar para não falar bobagens, pois o medo de perder a pessoa amada é bem maior que o medo de perder a briga.

- Qualquer dia te faço tortas e durmo no carro te esperando. Você até mesmo pode falar alguma bobagem ruim.


Curitiba, 23 de maio de 2010. 23:10

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