sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Sobre o que te faz viver.

Sugeriu chorar, para lavar a alma que andava suja, tão suja, tão suja. Pesada de nada ou talvez de tudo. Pesada de rumores, de sentimentos. Pesada de normalidade, de saudade. Pesada de dor e risadas. A alma andava dura, de medo. De indecisão.

Ah, coração que não tinha aprendido a ser frio. Coração mole, como uma geléia. Chorava por pouco e se feria facilmente. Era tão difícil respirar! Respira, respira. Mas não entrava o ar. O coração entrava em sintonia com a alma e os dois choravam. Choravam saudade, dor e preguiça. Preguiça de continuar.

Um passo a mais, era sempre assim. Um dia a mais, uma caminhada a mais. Uma caminhada lenta, preguiçosa, dolorosa. Uma vontade desgastada. E de manhã se perguntava com raiva, para o sol, de o porquê de estar tão longe e de noite, se lamentava em silêncio para a lua.

Chorava escondido, pra ninguém ver. Mas os olhos inchados e a noite mal dormida, sempre denunciavam os cortes. Ela havia se acostumado a rasgar o papel, com o grafite do lápis, com voracidade. Porque depois de um tempo, a pele já era cansada das feridas. Era o único jeito de se salvar.

Suas palavras eram fortes, pesantes. Eram dramáticas, assim como a sua visão de ver o mundo. Suas palavras cortavam, a quem eram referidas. Eram dores escritas, era sangue em grafite. Suas palavras eram seus salva-vidas. Era o que ainda a fazia viver.


Valdagno, 20 de novembro de 2009. 22:43

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