sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Senta aqui, quero desabafar.

Descobri, nesses anseios detestáveis, algum fôlego quase sustentável. E nem chorei mais, ao me lembrar da saudade que me enche o peito. Nem reclamei mais também, nem feri idéias que são incógnitas. Nunca mais senti o peito ardendo e gritando. Nunca.

Veio uma vontade de jogar tudo de saudade fora. Me esquecer nos dias tão tortuosos, me reerguer afinal. Das cinzas virar algo, alguém. Jamais virar o leme tão cedo, porque ainda tempos muito tempo, mas o tempo é curto e ele voa. Voa mesmo!

Aí, veio a solidão dos dias, a dor do nada, só do vazio, que rompe qualquer paz. Veio o desespero e a raiva. Mas o sentimento foi fugaz e se partiu. Onde nada nem mais importou, só o desejo de manter o controle por mais um tempo. Passa tão rápido, não é?

E quando me dei conta, percebi que tudo não passaria de solidão. Mas a solidão de realmente só, de tudo se encher, nem só de ar, mas de vácuo. Mas é esse o motivo, provavelmente. Ser sozinho.

Minha cabeça batucou, ao me fazer pensar no porque de ser sozinho. Aprender a ser quieto e indiferente? Quase odiar alguma convivência? Mas depois, já pensei que você só da valor, quando não tem mais. Aí não tive, aí respirei. Tô dando valor, diria meu pai seriamente.

No vai e vem dos pensamentos, me deprimi esse tanto. Tanto cansado de tantas comédias mal realizadas. Aí, perdeu a graça pensar e sentir. Deixei saudade bater, bem forte. Mas só deixei, pois não quis sentir.

Ando contra a maré, nesse meu eu solitário. E respiro bobagens alheias, só pra ficar tudo bem. De fato, sempre – ou quase sempre – está. Respira, respira. Daí vem a paciência, atrasada. Por último vem a vontade, brigando com a saudade.

Demorei, mas vi os milhares de acasos, casos. Já nem sei como chamar. Mas eu vi. Casos ou acasos só me desprenderam de lá, sabe? Do lugar do outro lugar do oceano.
Ah, só quero crescer um tanto mais. Quero ser tão séria, a ponto de quando rir, rir gostoso e deixar todos curiosos sobre o que tanto me faz rir.

Então não larga a minha mão e deixa eu contar de quando me apaixonei por aqui. Foi exatamente quando eu sorri, sem me importar com a solidão que me alcançava ou com a saudade que nem mais me largava.

Espera, que agora começou a tocar uma música que me faz lembrar de quando pequena. Quando eu, meu pai, minha mãe e minha irmã íamos na casa de um casal amigo dos meus pais. Já faz um 13 anos, talvez. É, o tempo corre e já nem podemos fazer nada.

A chuva cessou um pouco, acho que vou me apaixonar de novo pela vista. Sabe, só para no ar minha mente concretizar, de repente, uma possível estada mais longa por aqui. Ah, se alguém me escutasse agora. Pensando bem, vou lá tomar um café e não sentir o tempo passar. Só pra saudade não vir.


Herbeumont, 5 de novembro de 2009. 12:13

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