quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Ninguém te abala, só você mesmo.

Antes de partir, cerca de dois anos atrás, uma garota tentou me ensinar sua última lição, com os seguintes dizeres: “não deixe ninguém te abalar. Você é tão forte, nem sabe o quanto é, mas é! Esqueça os sentidos, esqueça o mundo, você é bem mais do que ouve, do que vêem de ti. Esqueça, esqueça tudo! Principalmente, não se abale. Simplesmente isso”.

Havia esquecido por um ano e meio – receio. Coloquei tal pensamento lá no final, como uma lição bem dada, porém nada aprendida. Hoje, no entanto, a nostalgia me levou a um texto de dois anos atrás – exatamente - e adquiri a lição novamente, desta vez , pensei antes.

Respiro, passo a mão no cabelo gorduroso, afinal havia feito hambúrgueres para matar minha maldita fome. Meus olhos estão cansados, quase se fechando, mas como eu odeio dormir assim, tão cedo! E eu ando sempre cansada por aqui, sempre pensando no que falar antes de abrir a boca, mas mesmo assim, não falando quase nada com nada.

Enfim, pensei. Ah, como pensei! Pensei nos dizeres “nada e nem ninguém pode te abalar”. A questão é que, ela não disse “pode” ela disse “não deixe, porque não pode”. Me sinto estúpida por raciocinar tal lição tanto tempo depois, mas admito que ela, a tão grande amiga, tenha razão. O que pode me abalar mais do que eu mesma? O que pode me destruir mais do que eu mesma?

Convenhamos assim, que a força não vem dos outros, mas sim de nós mesmos. Assim como a esperança, ninguém a proporciona, nós a proporcionamos. Nós escutamos a piada e rimos, escutamos o drama e choramos, mas temos a escolha de não rir ou não chorar. Temos a escolha, todo o tempo, do sim e do não. Podemos, num meio confuso, seguir em frente, assim, só porque acreditamos em nós mesmos.

Sei que no momento tenho 15 mil km me distanciando de casa, dos meus amigos. Me distanciando de tudo o que eu mais amo e preciso pra sobreviver. Mas a escolha é só minha, sobre todos os dias tentar um pouco mais e assim, chegar ao topo. E a tal força, que eu sempre pensei que fosse vir dos meus amigos, na verdade vem de mim. Meus amigos apenas me apóiam, me seguram para eu não cair.

Admito estar cansada e provavelmente pensando coisas que lucidamente eu não pensaria, mas no momento de êxtase eu pensei nisso. “Olá, força. Agora eu sei que você existe mesmo quando meus amigos não me abraçam. Porque depende de mim e só de mim, basta isso.”, eu diria agora se a força fosse um humano. Quando eu quiser ser mais forte, eu serei mais forte. Se eu não acreditar em mim mesma, quem mais vai acreditar? Ninguém.

Receio que antes de qualquer pessoa, eu precise de mim mesma. Preciso do meu coração, da minha razão, da minha vida. Antes de qualquer coisa, preciso sorrir, assim o mundo pode sorrir junto. Preciso mostrar a mim que eu posso chegar até o final, basta tentar.

Todos estarão me esperando quando eu voltar, com mudanças ou não, estarão. Porém, assim como todos mudarão, eu também mudarei. Ninguém congelou no tempo, muito menos eu.


Valdagno, 8 de novembro de 2009. 22:20

Um comentário:

anônimo disse...

'Ninguém congelou no tempo, muito menos eu.' um belo texto, repleto de belas ideias.