terça-feira, 5 de maio de 2009

Logo tão mais distante.

Às vezes teimo em querer pensar mais, por algum motivo as circunstâncias que me cercam fazem todos os pensamentos se embaralhar. E quando menos consigo perceber, me vejo sentada em algum lugar muito movimentado, mas atolada em pensamentos sem pé nem cabeça, o que me faz ficar calada, quase chorosa ou quase com raiva.

Mas eu me recuso a elaborar os sentimentos em palavras, pois todas elas me parecem cruas e sangrentas demais para alguém escutar. São rasgantes, perfurantes e doloridas. São altas e ao mesmo tempo absurdamente inaudíveis. São cruéis e indecisas, são verdadeiras demais para eu poder gritar, falar, desabafar. Para eu poder explicar o que está atolado aqui dentro.

Receio que escrevendo as palavras percam um pouco da emoção, percam um pouco do sentimento agudo que arde sem dó aqui dentro. Receio que lendo, a ardência dos cortes esfriem um pouco e ao invés de se tornar um café extremamente amargo, é apenas um café com demasiado açúcar. E no momento demasiadamente açucarado são meus sonhos, que nunca vem tão cedo, me fazendo dormir tarde da madrugada e acordar cansada e irritada de mim mesma na manhã que se segue.

Odeio admitir que no momento eu sinta medo de fazer algo errado, mas ao mesmo tempo o errado me parece ser a coisa mais certa. Estou prestes a explodir confusões e receios, prestes a conseguir fazer minhas amargas palavras se tornarem dolorosas feridas, dolorosos punhais para quem lê.

Eu realmente não estou achando justo, tanto me parece injusto eu ter de perder assim como eu ter de me machucar de novo. É injusto ter de fazer mil argumentos, ter de conseguir rodar o mundo, quando não recebo em troca. Não é certo ter de perder, ter de fingir que não esta perdendo para evitar sofrer. Só não quero parecer conformada, ao olhar tudo em volta e não reclamar, não sentir o gosto da angustia na boca e não ver a ansiedade de cada novo encontro diminuindo, se desconfigurando.

Talvez eu quisesse pedir para ficar mais um pouco, mas hoje já não sei se isso é muito certo, pois me dói aqui dentro ao perceber que muito do desinteresse me corrói, enquanto eu estou girando o mundo para tornar sempre possível. E talvez seja tão incerto assim, mas arriscar tudo já é desespero e insanidade máxima. Arriscar coisas que eu nem tenho, para perder antes mesmo de obter.

Está ardendo aqui, como se fosse fogo. As palavras querem sair gritadas, mas parecem apenas serem abafadas pelo som alto que contamina o quarto. É certo que estou apenas cansada de momentos assim, de amar pela metade, de ter pela metade, de ser metade de uma metade. Mesmo que a insegurança esteja me dominando, a vontade de ficar paralisada esta me tomando aos poucos também. Não estou mais esperando como antes, logo vou esperar menos ainda. Pois cansa de estar perto, mas ao mesmo tempo longe. Cansa mais não ter do que ter. Cansa mais ir embora do que ficar.


- Creio eu que alguns tenham razão, quando dizem que as minhas palavras tristes e pesadas sempre irão permanecer em meus textos. Por mais doce que seja o assunto.


Curitiba, 5 de maio de 2009. 23:17 am

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