segunda-feira, 2 de junho de 2014

Desatados.



Eu te imploro – vá! Abre a porta e vá, não me importo pra onde, mas não volte mais aqui. Já senti desgosto demais acreditando que tudo isso um dia viria a nos calhar, mas acontece que para ti isso nunca acontecerá. Então eu te juro, pega o seu sorriso esbranquiçado, pega suas mãos tatuadas e sua voz doce, faça as malas e não queira mais voltar. Não quero mais ouvir sobre o conto de fadas que criou para nós, sei que loucamente desejamos algo maior e mais completo que apenas isso que vivemos – você não pode mais roubar meu coração.

- Deixa isso – sussurrou a garota olhando o chão.
- Queria poder lembrar da gente. – ele a olhava confuso.
- Nunca estivemos juntos! Você não pode... Você não tem o direito de lembrar do que nunca foi. Eu fui sozinha, você me deixou sozinha.
- Não era pra ser assim. – o garoto fechava a sua mochila e a colocava em suas costas.
- Por favor, só te peço pra deixar isso. Vai. Vai antes que seja tarde demais. – pegando da mão do garoto o que segurava.

Você não pode levar mais nada de mim, nada da gente. Guarda no teu coração o vazio, o mundo que a gente perdeu de viver. Deixa minha dor e solidão comigo. Vai embora de uma vez, por favor. Sai da minha casa, sai da minha vida, sai daqui de dentro de mim. Se apague, por favor! Apaguem minha memória, desapareça! Sai, sai que nada aqui te pertence, nada aqui  te pertenceu. Deixa meu coração, deixa. Vai! Deixa eu me esquecer de você também.

No chão uma foto, era começo do inverno. Dois sorrisos serenos estampavam, dois pares de olhos brilhavam, duas pessoas – eles.


Curitiba, 27 de maio de 2014. 20:51

2 comentários:

Anônimo disse...

Como sempre, excelente com as palavras!

Natalia disse...

Devo agradecer, de verdade ;)