segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Tentar, falhar, voltar.

A chuva cai sem trégua nessas tardes ociosas de final de primavera e esta, lentamente se entrega para o frio do outono, entrega sua cor saturada para um cinza indecifrável. E talvez, em meio a lágrimas e sorrisos tão falsos – que ninguém acredita – a dor acumulada já não sabe mais se fica ou vai embora, já não sabe quão grande é.

O tédio tem se aconchegado, permanecido em harmonia dolorosa junto à saudade. Muitas vezes – ou talvez o tempo todo – eu apenas sinta vontade de correr, voltar pra casa correndo, porque não sou daqui. Não quero ser, não gosto ou nem desgosto, apenas não. É uma simpatia muito falsa, rodeada de sorrisos tão falsos quanto, fingir incondiocinalmente que você é bem-vinda – quando na verdade, tanto faz.

“Seja forte” é o que tantos falam, mas quando o silêncio mora na cama ao lado e o tédio te preenche, ser forte é a última coisa que consegue ser. Lágrimas choram e não cansam de chorar e o mundo desaba e não para de desabar. Não tem apoio, não tem ninguém e a causa mais próxima que você tem para continuar é “não decepcionar os outros”.

Mas afinal, quem se enche de saudade não se importa se é hoje ou amanhã. Não se importa se vai voltar ou não e a frustração apenas serve para mostrar que o momento ainda não chegou, que a hora simplesmente não é agora. Afinal, a frustração nós deixamos de lado e passamos a ver que ao menos tentamos.

Tentar é o que descreve bem essa minha vinda. Tentar ter forças e acreditar que as tenho – mesmo quando elas não existam mais - me submeter a um mundo novo, mesmo não gostando tanto assim. Mas quem sabe seja do meu limite que eu queira falar, o limite que eu tenho, o limite que a minha força tem.

“Quando não agüentar mais, volta”. Acredite, tudo o que eu mais quero é fazer as malas e voltar, resgatar a minha vida novamente. Chega dessa tentativa que até agora, está frustrante. E não, por favor, não venham dizer a mim que não tenho tentado o bastante, que tenho apenas jogado tudo pro alto. Porque a agonia me prende o dia inteiro e por mais que eu tente, a solidão me abraça demoradamente. Rodeada de pessoas eu me sinto sozinha, uma única, uma perdida e só.

Num doloroso lamento eu digo que não como, não durmo e não tenho mais vida. Toda vez que fecho os olhos me encontro em casa, com minha família e meus amigos, nessas horas eu simplesmente me pergunto “porque me deixaram vir?”. Eu realmente não entendo e não creio que eu vá entender.

“Então volta agora” eu escuto dizerem, mas essas falas só minha cabeça escuta, porque meus ouvidos não. E não, eu não quero continuar. Porque eu tento, mas sorrir é difícil e ter uma vida mais ou menos e cheia de saudade, é algo que ninguém consegue conviver. Só quero meu cheiro, minha casa. Talvez eu tenha medo de tentar, de ficar tanto tempo longe. Então por favor, num último pedido sufocante: alguém vem me buscar?


Valdagno, 14 de setembro de 2009. 18:07

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