terça-feira, 10 de março de 2009

Logo vai começar.

Dia 4 de abril começa uma jornada que talvez eu gostasse de adiar. Não pela falta de vontade, mas sim pelo medo que me embrulhou o estômago. A respiração se tornou ofegante ao saber que os dias estão sendo contados, que a ausência de mim mesma nessa cidade esta para chegar.

São dez meses, depois eu volto. Terei histórias, tratei presentes, estarei mudada, estarei crescida, assim como todos aqueles que eu deixarei aqui. Guardarei em todos os meus dias em que estarei distante, um punhado de saudades. O punhado que despejarei com lágrimas, abraços e sorrisos assim que eu voltar para casa.

É fato de que este tempo longe de tudo me fará muito bem, mas também é fato de que ele criara muitas cicatrizes. Serão lágrimas dolorosas de saudades, serão dias em que a vontade é de sumir, desaparecer. Afinal, qual é a sensação de estar tão longe de casa, sem saber falar quase nada da língua local, sem ter ninguém pra te abraçar e fazer da escuridão um pouco mais confortável? Qual é o tamanho da força que tem de se ter pra agüentar? Qual é o tamanho da vontade? Qual é o tamanho da saudade que vai abrigar e ferir o coração todos os dias? Será que eu agüento?

Sei que há os que dizem “você vai agüentar, você é forte”, mas da medo. Da um receio ficar tanto tempo fora de casa, fora da cidade. Ao mesmo tempo que eu sei o tamanho do abismo para o qual estou me dirigindo, também sei o quanto o vôo poderá ser gratificante, se eu o fizer de tal modo. Sei das novas experiências, da nova cultura, do sonho sendo realizado, das pessoas que eu poderei conhecer, da experiência de morar no país que eu mais admiro. E mesmo querendo descobrir de imediato, sei que só na jornada até a partida e durante todos os dez meses eu irei descobrir o tamanho do meu pára-quedas.

Diferente do tamanho do abismo e do quanto o vôo para ele pode valar a pena, o meu pára-quedas não depende de mim, depende de todos a minha volta. Descobrirei em uma prova de fogo quem está ao meu lado para me apoiar, me proteger, me acolher. Descobrirei da pior maneira o quanto eu significo. Seja na ida ou na partida, o quanto eu deixarei de saudade pra cada um.

Pode ser com uma surpresa, com uma camiseta do time, com uma carta, com um lenço vermelho, com uma foto, com um abraço, um beijo, um “eu te amo”, com uma lágrima, pode ser com acordar às 6 horas da manhã pra me dar tchau no aeroporto. Pode ser me esperando lá também, quando eu chegar. Pode ser com a faixa roxa ou simplesmente com um “entra no carro, temos dez meses de conversa pra botar em dia”. Não importa como, mas admito estar curiosa pra saber o quanto farei falta.

E quando eu entrar naquela sala de embarque, depois de me despedir de todos eles, eu olharei pra trás e os verei com lágrimas nos olhos uma última vez. Com forças que eu arranjarei, eu terei de olhar pra frente, seguir a direita ou a esquerda da sala e começar a juntar saudade, que infelizmente terei de guardar por dez meses.

Só não peço que me diga que será fácil, diga apenas que valerá a pena, que cada dia sozinha irá valer a pena. Mas jamais me afirme que será fácil. Honestamente eu ainda tenho tempo, mas até lá eu quero fazer deste tempo o melhor possível. Quero levar as melhores lembranças, para se ter as maiores forças.

Ainda está longe de 4 de abril, mais longe ainda a partida em agosto, mas quando chegar, saiba que precisarei de todos os abraços, de todas as palavras. Porque eu sei que consigo, mas preciso de vocês aqui, para caminhar comigo até a hora de eu voltar.


- À minha família e aos meus amigos de verdade.

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