segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Essa é para você, Lugh.

Eu queria te descrever a saudade mais bonita – e ardida -, essa saudade de quem vai para sempre embora. Saudade de quem dobra a esquina e não olha mais para trás. Você merecia as palavras mais doces, em frases recheadas de carinho. Pois mais doce que você, meu anjo, não existia.

Até parece que foi ontem, que uma coisinha pequenina de grandes olhos azuis, fora descoberto por mim, atrás da cesta de flores de aniversário. Não precisei nem de um minuto para saber que mais doce que você, jamais existiria. Meu coração era seu e te perder era dor – e no momento está sangrando freneticamente. Era único e isso bastava. Nenhum se comparava a você.

Guardo na memória seu jeito engraçado de sentar, seu miado mudo, sua mania de querer gelo na sua água. Na maneira como você corria ao me ver saindo do quarto, quando madrugada, e indo se deitar comigo, apoiando sua cabecinha no meu braço ou no travesseiro.

Mas me perdoe não estar ali pra escutar seu último suspiro e nem para te fechar esses olhos lindos. Olhos em que eram tão azuis, que até o céu tinha inveja. E me perdoe não te pegar no colo e falar, “dorme aqui, meu anjo. Dorme”. E dormindo no meu colo, você partiria. Me desculpe te deixar partir sozinho.

Meu anjo, vou deixar a porta aberta. Assim, você pode voltar quando quiser. Pode entrar e se acomodar, pode fazer essa saudade dolorida ir embora. Pois agora essa casa está mais vazia, mais fria. O mundo inteiro está meio assim, sem cor, depois que seus olhos azuis se fecharam.

- Espero que antes de dormir, você tenha se lembrado de mim.


Curitiba, 12 de dezembro de 2011. 19:29

Nenhum comentário: